Bolsa fecha em alta em dia recuperação e aprovação do pacote fiscal na Câmara; dólar cai

72

São Paulo – Bolsa fechou em campo positivo, conseguiu se segurar no patamar dos 121 mil pontos, em dia de correção, após o tombo de mais de 3% na véspera, em meio às empresas cíclicas em alta e setor de mineração em queda. Os agentes financeiros ficaram de olho na tramitação do pacote fiscal na Câmara. A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote foi aprovada no segundo turno e o texto segue para análise no Senado.

A Vale (VALE3) caiu 1,89%. CSNMineração (CMIN) e CSN (CSNA3) e Suzano (SUZB3) lideraram as perdas em 1,86%; 2,52% e 1,47%, respectivamente.

Os destaques positivos ficaram para as ações da Localiza (RENT3) e Hapvida (HAPV3),que subiram respectivamente, 8,75% e 8,01%

O principal índice da B3 subiu 0,34%, aos 121.187,91 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro registrou queda de 0,16%, aos 122.990 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, disse que o “Ibovespa tem um dia de alívio após uma semana difícil para os ativos de risco brasileiros. Em uma semana marcada por quedas no mercado de ações, não houve nenhum fundamento que sustentasse os ativos. Os resultados recentes das empresas brasileiras estão, em geral, bastante positivos. Não haveria razão para grandes realizações neste final de ano, exceto pelas medidas fiscais do governo para controle e corte de gastos”.

Silva ressaltou que “as empresas mais penalizadas durante a semana apresentarem um dia de recuperação, enquanto as maiores quedas recaíram sobre companhias mais resilientes ou beneficiadas pela alta do dólar”.

Pedro Caldeira, sócio da One Investimentos, disse que ao cenário doméstico ainda é de incertezas para o ano que vem e o movimento de hoje na bolsa é mais técnico.

“O cenário é muito crítico. As taxas de juros nesse patamar tornam a situação das empresas, principalmente as alavancadas, muito difícil, e dólar nesse patamar [acima de R$ 6 dificulta o fluxo pro Brasil. Não tem um trigger claro para explicar essa alta, é mais um movimento técnico que acaba trazendo um alívio, um movimento sem fundamento. Ontem o índice chegou a bater a mínima de 120.457,48 pontos, uma região com suporte grande, então é normal um repique. As empresas chegam em patamares muito descontados e o investidor compra para ancorar algum preço. Os preços do Bradesco em R$ 11,50 e Banco do Brasil abaixo de R$ 24, por exemplo, acabam ancorando o investidor”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 2,28%, cotado a R$ 6,1243 em dia de alívio após os leilões do Banco Central (BC). A moeda chegou atingir a máxima de R$ 6,30 no pior momento, e a mínima foi de R$ 6,1051.

Somado a isso, as falas do diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, reiterando o compromisso com o que está escrito na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e as declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que o pacote seria votado hoje ajudaram o mercado de câmbio.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do pacote do governo foi aprovada por deputados em 1º turno, com mudanças.

Hoje, o Banco Central interveio no câmbio com um leilão de US$3 bilhões e outro de US$ 5 bilhões, no montante de US$8 bilhões.

Segundo a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, as falas de Lira e Galípolo contribuíram com o bom desempenho da moeda brasileira nesta quinta.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, disse que “os leilões de hoje são fixados na PTax, é um efeito técnico. O mercado define um desconto em relação à Ptax. O mercado deve estar vendendo dólar pra tentar forçar essa Ptax pra baixo. De qq forma, o BC vendeu US$ 8 bilhões, é um valor grande, e isso leilão deveria dar um alívio. Depois que passar essa consulta na PTax, o mercado pode forçar a apostar a favor do dólar. Não dá pra dizer que o BC cumpriu o trabalho por hoje”.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda, depois que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, acalmou o mercado durante a entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação, que acabou no início da tarde.

Por volta das 17h (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 12,170% de 12,200% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 15,135%, de 15,385%, o DI para janeiro de 2027 ia a 15,425%, de 15,840%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 15,320% de 15,720% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão com poucas alterações, depois que uma tentativa de recuperação da liquidação do dia anterior não ganhar força. O mercado foi pressionado pela postura hawkish do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre o caminho futuro das taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,04%, 42.342,24 pontos
Nasdaq 100: -0,10%, 19.372,8 pontos
S&P 500: -0,08%, 5.867,08 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Safras News