Bolsa fecha em queda com piora nas projeções econômicas e risco fiscal, dólar encerra a R$ 6,18

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda, oscilou entre a mínima de 120.617,32 pontos e máxima de 122.104,68 pontos, em dia de baixa liquidez devido à antevéspera do natal. O mercado reagiu às projeções mais pessimistas mostradas pelo Boletim Focus com a elevação da Selic em 2025 a 14,75%, e possibilidade de passar de 15%.

Somado a isso, o risco fiscal segue no centro das atenções do mercado em razão da desidratação do pacote fiscal. Boa parte das ações caiu.

A B3 não funcionará amanhã (24) e na quarta-feira (25) em razão do Natal. Na quinta-feira (26), abrirá normalmente.

Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, disse que as ações cíclicas puxam as perdas no Ibovespa, com destaque para a Azul (AZUL4) que caiu 9,34%, “por conta dos juros altos e do dólar pressionando os custos de leasing das aeronaves e dos combustíveis”.

Na ponta positiva, Hypera (HYPE3) liderou os ganhos de 3,32%, após a EMS, através do fundo Dodgers, anunciar a compra em torno de 6% da empresa. Sabesp (SBSP3) avançou 2,05%, após a Moody’s reiterar a nota de crédito da empresa com perspectiva estável.

As ações dos bancos caíram. Vale (VALE3) subiu 0,42%. Suzano (SUZB3) avançou 2,71% e Embraer (EMBR3) registrou alta de 1,07%. Petrobras (PETR 3 e PETR4) subiu 0,75% e 0,02%.

O principal índice da B3 caiu 1,09%, aos 121.766,57 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 1,33%, aos 122.245 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que Focus e fiscal impactam negativamente na bolsa na sessão desta segunda-feira.

“Acredito que parte desse mau humor vem do Focus, e o pacote fiscal foi um pouco desidratado no Congresso. O governo perdeu a credibilidade, e enquanto ela não for recuperada, o mercado não vai melhorar muito. Talvez só à base de intervenções como vimos no câmbio semana passada”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse o Focus ajuda no mau humor.

“Em parte o Focus ajuda nesse pessimismo, mas já estava no radar que essa piora viria. Focus bateu [Selic a] 14,75% [em 2025]. O mercado já está falando em mais de 15%. O volume de negociação baixo hoje também penaliza, e exterior também não anima porque a maior parte dos indicadores já foi antecipado”.

Cruz disse que “a novidade [de hoje] foi o Trump [Donald Trump] falando do Canal do Panamá [ameaça controlar o Canal] e algumas notícias ruins do setor imobiliário da China”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,86%, cotado a R$ 6,1845. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as incertezas que rondam o próximo o mandato do próximo presidente norte-americano, Donald Trump, e os constantes ruídos fiscais domésticos.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “apesar da abertura positiva, vemos que o mercado continua muito preocupado com a questão fiscal. A decisão do ministro do STF Flávio Dino de bloquear as emendas e ainda acionar a Polícia Federal para investigar vai azedar bastante a relação com o congresso. Difícil vermos a aprovação de qualquer medida que seja boa para o governo. Isto deve ser interpretado como uma ato de traição do governo”.

“A maior dúvida no curto prazo é a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil com contraparte. Por ser uma medida populista, o congresso pode aprovar só a isenção, deixando de lado a contrapartida. Isso seria péssimo para o fiscal e estressaria ainda mais a conjuntura, mas deixaria a conta para o governo”, avalia.

Komura explica que os riscos de super taxações aos importados, que Trump tem prometido, faz com que a divisa estadunidense ganhe força globalmente.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta em razão da deterioração do fiscal interpretada pelo mercado e boletim Focus com desancoragem da expectativas de inflação.

Por volta das 18h53 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 12,173%% de 12,161% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 15,220%, de 14,945, o DI para janeiro de 2027 ia 15,470%, de 15,140%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 15,280% de 14,900% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, impulsionadas pela força contínua do setor de tecnologia, que beneficiou o mercado mais amplo.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,16%, 42.906,84 pontos
Nasdaq 100: +0,98%, 19.764,9 pontos
S&P 500: +0,72%, 5.974,07 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News