São Paulo – A Bolsa encerrou em alta pela primeira vez no ano, no patamar dos 120 mil pontos, sob efeito do fechamento da curva de juros futuros com a possibilidade de uma postura mais branda do governo Donald Trump sobre política tarifária. A Azul (AZUL4) liderou os ganhos.
Os papéis da Azul (AZUL4) dispararam na sessão de hoje e fecharam em alta de 14,66% em razão do acordo de reestruturação fiscal no valor de R$ 2,9 bilhões. As ações do setor bancário tiveram boa performance-Itaú (ITUB4) subiu 4,49%.
A Marfrig (MRGF3) foi destaque de queda de 2,61%. As ações de Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3) fecharam no negativo de 0,94% e 0,46%, 1,27%, respectivamente.
O principal índice da B3 subiu 1,25%, aos 120.021,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 1,29%, aos 121.075. pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,’ bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em mistos.
Harrison Gonçalves, sócio da CMS Invest, disse que a expectativa de um protecionismo mais suave por parte do novo governo americano trouxe alívio aos ativos de risco.
“O Ibovespa acompanha as bolsas globais, em um dia de maior euforia devido à expectativa de que o governo Trump adote uma postura mais branda em relação às tarifas para produtos importados. Além disso, a queda acumulada de mais de 10% no índice em 2024 torna o preço dos ativos bastante atrativo, levando gestores a montarem posições táticas na Bolsa brasileira. No entanto, ainda não há nenhum fator estrutural que indique uma mudança de tendência para o Ibovespa”.
Leonardo Santana, analista da Top Gain, disse que desde a parte da manhã o mercado está otimista. A Bolsa está bem descontada, não tivemos rali [de final de ano]. Os investidores montam muita posição de compra nessa faixa dos 120 mil pontos, que é um bom suporte”.
Alan Martins, analista técnico da Nova Futura Investimentos, disse que a bolsa se recupera com o ajuste na curva de juros em razão da notícia sobre as tarifas menos agressivas de Donald Trump.
“A notícia que saiu em um jornal americano [The Washington Post] em relação às tarifas do Trump teve um efeito positivo nos ativos, e os DIs tiveram ajuste forte favorecendo a bolsa. Assessores teriam tido que as tarifas seriam aplicadas para alguns produtos [importados] mais críticos. A proposta do presidente eleito é de uma tarifa universal de 10% a 20%. Trump foi ao twitter dizer que o jornal soltou uma fake news. Mas, de qualquer forma, um sentimento de melhora domina todos os ativos hoje. Outro ponto é que a bolsa está muito descontada, e em algum momento ia começar a andar. Quem olha ações de valuation já está comprando bolsa faz tempo”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 1,11%, cotado a R$ 6,1134. A moeda operou, ao longo do dia, alinhada ao movimento global, refletindo realização e ajustes técnicos.
Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o movimento é de ajuste técnico, realização, e vai além: “Não vejo motivo para o dólar enfraquecer com consistência. O Trump já está precificado, o cenário é de dólar forte”, avalia.
O analista da Potenza Capital Bruno Komura explica que a perspectiva de que o mandato de Donald Trump não sobretaxe as importações faz com o que o dólar perca força globalmente.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda em movimento de correção.
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,985% de 15,060% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,345%, de 15,500 o DI para janeiro de 2028 ia a 15,295%, de 15,450%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 15,085% de 15,320% na mesma comparação.
No mercado externo, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com as empresas de semicondutores subindo depois que a Foxconn anunciou uma receita recorde no quarto trimestre, sugerindo que o boom da inteligência artificial (IA) ainda tem muito espaço para crescer.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,06%, 42.706,56 pontos
Nasdaq 100: +1,24%, 19.865,0 pontos
S&P 500: +0,55%, 5.975,38 pontos
Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News