MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – O Ibovespa oscila entre leves altas e baixas nesta manhã com dificuldades de definir uma direção enquanto acompanha o noticiário sobre o acordo comercial entre China e Estados Unidos e aguarda a votação da cessão onerosa no Senado. Investidores também observam possíveis repercussões de mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado federal e presidente do PSL, Luciano Bivar, partido do presidente Jair Bolsonaro.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,55% aos 104.885,35 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 7,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 0,47% aos 104.950 pontos.

“O mercado está sem foco definido, não há nada muito forte para mexer com o índice. Não conseguimos pegar o ânimo com o início da temporada de balanços nos Estados Unidos e ainda tem a questão da guerra comercial pairando”, disse o economista da Toro Investimentos, Pedro Nieman.

Nos Estados Unidos, as bolsas ampliaram altas e se animam com balanços positivos como os do JP Morgan, cujo lucro cresceu 8%, e do Citigroup, que viu seu lucro avançar 6%, superando expectativas de analistas. Esses balanços ajudam a ofuscar a cautela ainda existente com o possível acordo comercial entre China e Estados Unidos, depois que a China disse que precisa de mais conversas ontem.

Já na cena política doméstica, há previsão que o Senado possa votar o projeto que trata da divisão dos recursos do pré-sal, que tem sido usado como “moeda de troca” para a votação da reforma da Previdência em segundo turno no Casa. Além disso, a Polícia Federal (PF) investiga o partido do presidente, com mandatos de busca envolvendo Bivar, o que ocorre depois de ruídos entre Bolsonaro e o presidente do partido.

“Isso pode gerar algum ruído. Se o Bolsonaro sair do PSL lógico que pode gerar algum desconforto também, mas acho que mais no curto prazo, no âmbito geral há coisas mais importantes para ficarmos de olho”, disse o economista.

Entre as ações também não há movimentos claros, com as da Vale pesando negativamente sobre o Ibovespa, enquanto no sentido oposto as ações da Petrobras avançam. Já os papéis de bancos operam sem direção definida, com os do Itaú Unibanco estáveis.

Entre as maiores altas do Ibovespa estão as ações da JBS, da Cyrela e da Eletrobras, que convocou uma assembleia geral para aprovar um aumento de capital. Já as maiores quedas são da Cielo, da MRV e da Rumo.

O dólar comercial acelerou os ganhos frente ao real, passando do patamar de R$ 4,15, em movimento de proteção de investidores locais com a demanda por dólar no mercado futuro. Mais cedo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo as projeções para a economia global neste ano e no ano que vem. Investidores locais seguem atentos à política.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,58%, sendo negociado a R$ 4,1510 para venda. No mercado futuro, o contato da moeda norte-americana com vencimento em novembro de 2019 apresentava avanço de 0,59%, cotado a R$ 4,155.

“Questões internas estão levando o mercado para proteção. O imbróglio do presidente Jair Bolsonaro com o PSL e a operação da Polícia Federal na casa do presidente do partido [Luciano Bivar] ajudam a alimentar essa aversão ao risco local”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes. A Polícia Federal (PF) fez uma operação em endereços ligados à Bivar, em um contexto de investigação sobre o esquema de candidaturas laranjas no partido durante as eleições de 2018.

Já o FMI, divulgou as projeções para este ano e para 2020 da economia global revisando para baixo o crescimento, de 3,2% para 3,0% para este ano, enquanto a estimativa para o ano que vem passou de 3,5% para 3,4% sob o argumento que a atividade industrial está se enfraquecendo e que as tensões comerciais e geopolíticas deixam dúvidas sobre como a economia se comportará no futuro.

Já o Brasil, teve sua estimativa de Produto Interno Bruto (PIB) revisada para cima ao fim deste ano, a 0,9% de 0,8% na projeção anterior, enquanto em 2020, a previsão passou de 2,4% para 2,0%. “As projeções do FMI não são benéficas, ainda mais quando se espera que o Produto Interno Bruto da China venha mostrando menor crescimento no fim da semana”, avalia o operador de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.

Gomes ressalta que o mercado não está demandando dólar no mercado à vista. A operação de leilão conjugado de venda de dólar realizada após a abertura dos negócios teve volume aceito de US$ 100,0 milhões do total ofertado de US$ 525,0 milhões. O mesmo ocorreu na operação realizada ontem. “É o mercado se protegendo. São posições futuras”, ressalta.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) engataram uma realização de lucros, com a curva a termo recompondo parte dos prêmios retirados intensamente nos últimos dias, apesar do otimismo com o cenário para a Selic no curto prazo. O fortalecimento do dólar, que volta a ser cotado na faixa de R$ 4,15, conduz o movimento, com a moeda norte-americana atenta ao cenário externo.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 4,918%, de 4,912% do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 4,61%, de 4,57%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,63%, de 5,55% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,32%, de 6,24%, na mesma comparação.