Bolsa fecha em leve alta salva por Vale; dólar recua e encerra a R$ 6,04

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Imagem perspectiva mercados
Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo -Em um pregão marcado por volatilidade, a Bolsa conseguiu terminar em leve alta e na faixa dos 119 mil pontos com a ajuda da Vale (VALE3) em um dia de movimentos contrários das commodities. A queda da Petrobras (PETR4) acompanhou o petróleo e incertezas sobre a defasagem do preço do combustível em relação ao exterior.

Os investidores aguardam para amanhã (15) os dados de inflação ao consumidor (CPI, sigla em inglês), após o índice ao produtor (PPI) subir 0,2% abaixo das expectativas (+0,3%).

A Petrobras (PETR4) caiu 0,67%. Vale (VALE3) subiu 0,66%.

O principal índice da B3 subiu 0,24%, aos 119.298,67 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,40%, aos 120.310 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19 bilhões. Os índices americanos fecharam em mistos.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse o mercado “está praticamente todo o dia lateralizado e sem grandes novidades. Os investidores seguem apreensivos com as nossas questões fiscais e bastante de olho no movimento dos Estados Unidos”.

Em relação as ações, Moliterno disse que a Vale “se beneficiou da performance positiva do minério [de ferro. O setor de financeiro esboça uma melhora, e com os nossos DIs fechando um pouco ajuda. O setor de proteínas recua em virtude da queda do dólar, como são grandes exportadores acabam indo no fluxo. A B3 sobe após o programa de papéis e as empresas de petróleo estão realizando um pouco”.

Alexsandro Nishimura, economista da Nomos, disse que o desempenho do Ibovespa “refletiu o comportamento misto das duas principais blue chips. Enquanto Vale acompanhou a alta do minério de ferro, os papéis da Petrobras refletiram as perdas do petróleo e as incertezas que rondam a estatal, que sofre com a disparidade dos preços de combustíveis com o exterior”.

Alan Martins, analista técnico da Nova Futura Investimentos, disse que “a Bolsa está muito sensível com a falta de investidor estrangeiro. Até dia 10 [de janeiro] o capital externo está em quase R$ 5 bilhões negativos [no ano]. A Petrobras está caindo, Vale subindo e setor bancário misto. A Vale está na iminência de testar [valores] abaixo de R$ 50, tem muita gente comprando os papéis a R$ 51. Se não tiver qualquer movimentação positiva da China, vai ser bem impactada. Vejo a mineradora como boa oportunidade, mas sempre de olho na China. Hoje, o Bradesco vai fazer uma emissão externa em bonds [títulos da dívida] de cinco anos com uma taxa perto 7% no ano, se a demanda for boa [pelos títulos], pode ajudar o setor”.

Martins acredita que a bolsa tem “mais condições de positivar do que negativar, se tiver investidor disposto a fazer um movimento de melhora acompanhando lá fora”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,85%, cotado a R$ 6,0459 na expectativa de que o governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, adote um movimento gradual de aumento de tarifas de importação.

Com isso, a moeda estrangeira oscilou entre a máxima de R$ 6,0923 e mínima de R$ 6,0408.

Os investidores aguardam amanhã (15), os dados de inflação ao produtor (CPI, sigla em inglês) de dezembro, após o índice ao produtor (PPI, sigla em inglês) referente ao último mês do ano passado avançar 0,2%, contra projeção de +0,3%).

Para o sócio da Top Gain Leonardo Santana, caso o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que será divulgado amanhã, venha abaixo do esperado, o dólar pode cair ainda mais, se aproximando do suporte de R$ 6,00.

Santana entende que, além do movimento global, existe certa realização interna, favorecendo o real, após as remessas de lucros e dividendos que sazonalmente ocorrem em dezembro.

O economista do portal MoneYou Jason Vieira explica que na hora da divulgação do PPI houve alguma volatilidade, mas que logo em seguida a divisa estadunidense voltou ao ritmo que operava antes do indicador.

De acordo com a Ajax Asset, “lá fora, ações sobem e dólar recua com a notícia de que o governo Trump prepara um aumento gradual das tarifas de importação para evitar um impacto forte na inflação. Esse ambiente externo favorável para ativos de risco deve impactar positivamente os preços dos ativos domésticos e facilitar a venda de títulos do Tesouro no leilão de pós fixados”.

“Segundo a Bloomberg, os membros da equipe econômica de Trump discutem elevar as tarifas globais de forma gradativa. Assim, esses aumentos aconteceriam mês a mês, a fim de ter mais munição para evitar retaliações e surpresas inflacionárias. Segundo veiculado, esse aumento pode ser de 2-5% por mês e teria como base decisões executivas sob uma lei que permite que o presidente decida sozinho durante uma emergência nacional”, contextualizou a Ajax.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda. O movimento do dia é explicado pelo enfraquecimento do dólar perante moedas emergentes.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,895 de 14,955% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,185%, de 15,315, o DI para janeiro de 2028 ia a 15,185%, de 15,325%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 15,150% de 14,340% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, à medida que os traders analisavam um relatório do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) mais leve do que o previsto.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,52%, 42.518,28 pontos
Nasdaq 100: -0,23%, 19.044,4 pontos
S&P 500: +0,11%, 5.842,91 pontos

 

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras