RADAR DO DIA: Trump na Casa Branca; Lula reúne ministros; IPCA-15

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O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump / Foto: Casa Branca

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em alta. A Bolsa do Estados Unidos está fechada nesta segunda-feira em virtude do feriado nacional do Dia de Martin Luther King. A semana será marcada pela posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que inicia hoje o seu segundo mandato à frente da Casa Branca.

O mercado ficará atento aos primeiros passos de Trump à frente da maior economia do mundo. Na semana passada, os principais conselheiros econômicos do Trump afirmaram que está sendo considera um aumento gradual nas tarifas, como forma de fortalecer a posição de negociação e evitar um aumento repentino na inflação. Uma das propostas em discussão prevê um aumento mensal de 2% a 5% nas tarifas, utilizando poderes emergenciais. Entre os assessores que analisam a ideia estão Scott Bessent, indicado para Secretário do Tesouro, Kevin Hassett, cotado para diretor do Conselho Econômico Nacional, e Stephen Miran, escolhido para liderar o Conselho de Assessores Econômicos.

Wall Street vê Bessent, um gestor de fundos de hedge, como alguém que pode defender aumentos graduais nas tarifas para minimizar impactos econômicos negativos. No entanto, fontes afirmaram que o plano ainda não foi apresentado a Trump, indicando que a proposta está em fase inicial de avaliação.

Em novembro do ano passado, Trump ameaçou impor aumentos massivos de tarifas sobre produtos da China, Canadá e México em seu primeiro dia no cargo, incluindo uma tarifa adicional de 10% sobre mercadorias chinesas e 25% sobre produtos vindos do Canadá e do México. Ainda não está claro se Trump levará adiante essas ameaças ou se as utilizou apenas como uma estratégia de negociação. Durante a campanha presidencial, ele propôs um aumento de 10% a 20% nas tarifas de todos os bens importados e uma elevação de 60% nas tarifas sobre produtos chineses. Em janeiro, Trump negou relatos de que limitaria os aumentos tarifários a itens específicos e críticos.

Na última ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgada no início de janeiro, os membros do Fed afirmaram que “dada a elevada incerteza sobre os detalhes relativos ao escopo e ao cronograma das possíveis mudanças nas políticas comerciais, de imigração, fiscais e regulatórias, bem como seus potenciais efeitos sobre a economia, é difícil selecionar e avaliar a importância desses fatores para a projeção básica e apresentou uma série de cenários alternativos”. Sem mencionar diretamente Trump, o resumo da reunião fez pelo menos quatro referências sobre o impacto que mudanças nas políticas de imigração e comércio poderiam ter na economia dos Estados Unidos.

Para o governador do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Christopher Waller, a inflação nos Estados Unidos pode continuar desacelerando, possibilitando cortes nas taxas de juros mais cedo e em maior ritmo do que o esperado. Segundo Waller, a inflação está se aproximando da meta de 2%, com base no índice de despesas de consumo pessoal (PCE), excluindo alimentos e energia, que esteve próximo desse objetivo em seis dos últimos oito meses. Ele destacou que, caso essa tendência continue, é plausível que cortes nas taxas ocorram já no primeiro semestre de 2025, possivelmente chegando a três ou quatro reduções de 0,25 ponto percentual ao longo do ano.

Por aqui, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará o dia todo envolvido em uma reunião
ministerial, no Palácio do Planalto. Além disso, o mercado aguarda, na sexta-feira (24), a
divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial de janeiro. No ano passado, o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,52%, ficando acima da taxa de novembro (0,39%), embora tenha permanecido abaixo da taxa registrada em dezembro de 2023 (0,56%). Com isso, o índice oficial de inflação do país fechou o ano acumulando alta de 4,83%, superando em 0,21 ponto percentual (p.p.) o IPCA de 2023 (4,62%) e ficando 0,33 p.p. acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Os maiores impactos sobre a inflação de 2024 vieram do grupo Alimentação e Bebidas, que acumulou alta de 7,69% em 12 meses e contribuiu com 1,63 pontos percentuais para o IPCA do ano. Além disso, as elevações acumuladas nos preços dos grupos Saúde e cuidados pessoais (6,09%) e Transportes (3,30%) também tiveram impactos significativos (de 0,81 p.p. e 0,69 p.p., respectivamente) sobre o IPCA do ano. Juntos, esses três grupos responderam por cerca de 65% da inflação de 2024.

Na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Para o IPCA, a previsão para 2025 avançou de 5% para 5,08%. Para 2026, as instituições financeiras elevaram de 4,05% para 4,10% a previsão para a inflação medida pelo IPCA. A meta para a inflação no período é de 3%.

Sobre a taxa Selic, a previsão para 2025 segue 15%. Para 2026, a expectativa para a Selic segue em 12%. Atualmente, a Selic está em 12,25%, o que significa que o mercado espera um incremento de 2,75 pontos porcentuais (pp) até o final do ano. Para 2026, a estimativa para a taxa Selic subiu de 12% para 12,25%. Há quatro semanas, a estimativa para a Selic ao fim de 2026 estava em 11,75%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão passou de 2,02% para 2,04% em 2025. A projeção para 2026 diminuiu de 1,80% para 1,77%. O BC estima que a economia brasileira crescerá 2,1% em 2025, segundo a edição mais recente do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), publicada em dezembro. A projeção para a taxa de câmbio em 2025 ficou estável em R$ 6,00 por dólar, enquanto a estimativa para 2026 manteve-se em R$ 6,00 por dólar. Há quatro semanas, a previsão para 2025
era de R$ 5,90, enquanto a previsão para 2026 estava em R$ 5,84.

No setor corporativo, a Raízen divulgou sua prévia operacional do terceiro trimestre – safra
2024/25 (abril de 2024 a março de 2025), com um valor total de 13,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processados, queda 26,6% em relação ao mesmo período da safra anterior, que foi de 18,8 milhões de toneladas. Segundo o comunicado, o resultado reflete a sazonalidade de cana. A moagem acumulada na safra 24/25 atingiu 77,5 milhões de toneladas.

A Vibra Energia, em assembleia geral extraordinária da Comerc Energia realizada na sexta-feira (17), aprovou o aumento do capital social da Comerc em R$1,5 bilhão, mediante a emissão de 161.985.792 ações ordinárias pela Comerc, as quais foram totalmente subscritas na mesma data e serão integralizadas pela companhia até 30 de janeiro. Em decorrência do aumento de capital, a Vibra passou a ser titular de 520.295.743 ações ordinárias de emissão da Comerc, representativas de 99,10% do capital social votante e total da empresa.

A Procuradoria Geral do Município de São Paulo pediu na sexta-feira (17) que a Justiça analise com urgência o caso da 99Moto, que continua prestando serviço de transporte de passageiros em  motocicleta. A oferta do serviço continua ocorrendo mesmo depois de o prefeito ter dito que, com base no decreto municipal nº 62.144 de 2023, a empresa não tem autorização para atuar. Conforme as leis 15.676/2012 e 16.344/2016, o transporte individual de passageiros remunerado sem autorização do município é considerado clandestino.

O Ministério da Igualdade Racial assinou, nesta sexta-feira (17), acordo de cooperação técnica com a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), entidade que reúne as principais plataformas de mobilidade e tecnologia aplicada, como Uber, 99, Ifood, Lalamove, Zé Delivery e Ambev.

O boletim do Programa Mensal de Operação (PMO) do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para a semana operativa de 18 a 24 de janeiro informa que a carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) deve acelerar 2,6%, para 81.730 megawatts médios.

A Raízen informa que, a partir da próxima safra, com início em 1º de abril de 2025, a planta piloto de etanol de segunda geração (E2G) localizada no Parque de Bioenergia da Costa Pinto (Planta 1, Copi), em Piracicaba (SP), terá sua operação recorrente descontinuada e passará a operar como uma unidade dedicada a testes e futuros desenvolvimentos do biocombustível.

A Eztec lançou dois empreendimentos que totalizam 583 unidades e valor geral de vendas de R$ 262 milhões no quarto trimestre de 2024, segundo prévia operacional do intervalo, apresentada na sexta-feira (17). As vendas líquidas da companhia cresceram 89,6% na comparação anual, totalizando R$ 390 milhões no período. Os distratos sobre as vendas brutas, por sua vez, registraram 14,2%, baixa de 5 pontos percentuais (pp) ao registrado no mesmo trimestre do ano anterior e 4,1 pp acima do terceiro trimestre de 2024. Em todo o ano passado, os lançamentos atingiram a marca de R$ 1,6 bilhão, crescimento de 62% em relação a 2023, e as vendas cresceram 33% no ano chegando a R$1,7 bilhão, impulsionada pela performance dos lançamentos e de produtos prontos.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento no valor de R$ 650 milhões para a Bionovis instalar linha de produção industrial pioneira para o desenvolvimento e fabricação de insumos e medicamentos biotecnológicos de alta complexidade em Valinhos (SP).

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro de Capitais (Anbima) divulgou um posicionamento contrário ao veto do governo federal aos dispositivos que previam os fundos de investimento como não contribuintes no Projeto de Lei Complementar 68, que regulamentou a reforma tributária sobre o consumo, sancionado na quinta-feira (16) pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. Segundo a entidade, o veto contraria o seu pleito, que foi amplamente discutido com o governo ao longo da tramitação do PLC 68, e tira a neutralidade buscada pela reforma, pois coloca os fundos numa condição assimétrica em relação ao investimento direto, que não tem a incidência da tributação pelo IBS/CBS. “Isso gera impacto nos negócios de uma indústria com mais de 41 milhões de contas e R$ 9,2 trilhões de patrimônio líquido”, argumentou.