Porto Alegre, 5 de fevereiro de 2025 – Em entrevista a emissoras de rádios de Minas Gerais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que o governo leva a questão da inflação a sério. “Ela está razoavelmente controlada”, acrescentou. O presidente afirmou que está realizando uma série de reuniões com membros do governo e entidades para tentar solucionar a questão dos preços altos.
“Nossa preocupação é evitar que o preço dos alimentos continue prejudicando a população. Vamos controlar a inflação”, garantiu, citando os preços da carne – disse que vai se reunir com o setor – e dos combustíveis, que segundo Lula, mesmo com reajustes ainda estão em níveis mais baixos do que os praticados em dezembro de 2022, no governo anterior.
Sobre a fala do presidente norte-americano, Donald Trump, de que os Estados Unidos pretendem ocupar a Faixa de Gaza, Lula classificou a declaração como sem sentido. “Os EUA participou do incentivo a tudo que Israel fez na Faixa de Gaza. As pessoas não podem falar tudo que vêm a cabeça”, afirmou, reiterando o apoio americano as ações de Israel na região, classificando-as de “genocídio”. Para Lula, são os palestinos quem têm que cuidar da Faixa.
Ainda sobre a relação com os Estados Unidos, que Lula considera boa em termos comerciais, o presidente disse que o BRICS tem todo direito de discutir uma forma de comercialização que não dependa do dólar. Trump já ameaçou sobretaxar os países do bloco caso isso ocorra. Para Lula, “é lógico que o Brasil adotará a reciprocidade” caso ocorra essa sobretaxa ou qualquer imposição de tarifas. “Os EUA precisam conviver de forma harmoniosa com o mundo, incluindo o Brasil”, completou, adicionando que Trump fez sua campanha em cima de bravatas.
Dívida de Minas
Lula disse que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, tem que respeitar o acordo fechado sobre a repactuação da dívida do estado e admitiu que os vetos presidenciais podem ser derrubados no Congresso. “O Propag é um acordo muito bom e o governador mineiro tem que reconhecer isso”.
O presidente disse que não irá adquirir a Cemig, caso isso ocorra, para privatizá-la. Mas afirmou ter interesse nas estatais mineiras. Aproveitou para lançar a candidatura do senador e ex-presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, ao governo do estado em 2026. “Tive uma relação cordial com Pacheco. O acordo da dívida só ocorreu por causa dele. Tenho uma aliança firme com seu partido – o PSD de Kassab – e, se ele quiser, pode ser o próximo governador mineiro.
Lula confirmou que Alexandre Silveira, também do PSD, seguirá ministro das Minas e Energia. Disse não ter pressa em fazer uma reforma ministerial e que fará ajustes pontuais na sua equipe.
O presidente afirmou ainda que, se a Justiça considerar legítimo, o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente inelegível, poderá concorrer a presidência. “Se a Justiça achar que que ele pode concorrer, que concorra. Se for comigo, vai perder de novo”, afirmou, acrescentando achar engraçado que os envolvido no golpe de 8 de janeiro pedem anistia antes mesmo de serem considerados culpados. “As pessoas estão se condenando. Primeiro esperem o julgamento e se defendam”.
Pesquisas
Sobre as mais recentes pesquisas que mostram a impopularidade de seu governo, Lula disse que ainda é muito cedo para avaliar o seu trabalho. “Pesquisas estão muito distantes das eleições. Temos que esperar o momento certo. Passamos dois anos arrumando esse país e 2025 será o ano de entregas desse governo”, disse, reiterando considerar ainda muito cedo para uma avaliação do governo ou para a escolha do candidato à Presidência.
O presidente confirmou que começará a viajar o país a partir de amanhã. Aproveitou para defender a ministra do Meio Ambiente Marina Lima sobre a não aprovação da exploração de petróleo na Margem Equatorial. “Precisamos fazer a coisa com muita clareza e estudo”, concluiu.
Dylan Della Pasqua / Safras News
Copyright 2025 – Grupo CMA