São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Richmond, Thomas Barkin, comentou nesta quarta-feira sobre as perspectivas do Fed em relação aos cortes nas taxas de juros, destacando que, embora ainda exista a inclinação para reduzi-las, a incerteza em torno das políticas comerciais, imigratórias e regulatórias do governo de Donald Trump precisa ser melhor compreendida.
Em entrevista à Bloomberg Television, Barkin mencionou que, além das tarifas impostas, há vários outros fatores que contribuem para o clima de incerteza, como desregulação, imigração, política energética e questões geopolíticas. Ele observou que “há muita incerteza no ar”.
Barkin destacou que, apesar dessa incerteza, há uma expectativa de desaceleração da inflação ao longo de 2025 e de continuidade no crescimento econômico. Esse cenário favorece uma postura mais favorável para novos cortes de juros. “Essa é certamente a tendência”, disse o presidente do Fed de Richmond, indicando que as condições ainda são propícias para a adoção de medidas expansionistas.
Em relação às políticas fiscais e comerciais do governo Trump, Barkin foi claro ao afirmar que muitas delas têm gerado um ambiente de incerteza na economia dos EUA. Ele disse ser difícil prever os impactos das tarifas impostas, principalmente no que diz respeito ao comércio internacional.
Apesar disso, ele ressaltou que continua inclinado a defender cortes nas taxas de juros ainda neste ano, uma vez que não observa sinais de superaquecimento da economia. “Não há provas de sobreaquecimento nesta altura”, afirmou Barkin. Ele ainda espera que os números da inflação, ao longo dos próximos 12 meses, continuem em trajetória de queda, com dados favoráveis. Por outro lado, previu um forte consumo, mas uma desaceleração no investimento em 2025.
Barkin afirmou que o foco do Fed é observar a evolução dos dados econômicos e ajustar a política monetária conforme necessário. “A tendência é ver o que acontece e reagir a isso”, disse ele, reiterando a postura cautelosa do banco central frente às incertezas.
Além disso, Barkin também fez referência ao Serviço Postal dos EUA (USPS), que continuará aceitando encomendas da China e de Hong Kong a partir de 5 de fevereiro, enquanto trabalha com as alfândegas dos EUA para garantir a cobrança de tarifas da China.