RADAR DO DIA: Fed e os juros; tarifas de Trump; Senado elege presidentes das comissões

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Foto: Larry Cole / freeimages.com

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em queda e as bolsas europeias em alta. O mercado ainda analisa as informações da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, banco central dos
EUA), divulgada na tarde de ontem (19). Na ocasião, o Fed manteve as taxas de juros inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, em decisão unânime, na reunião realizada em 29 de janeiro. Em dezembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) havia reduzido a taxa de referência em 0,25 ponto percentual (p.p.).

A decisão ocorreu em um contexto de crescente incerteza econômica, impulsionada pelas políticas iniciais da administração do presidente Donald Trump, especialmente em relação às tarifas de importação e à redução de impostos e regulamentações. “Essas medidas geraram preocupações, pois podem ter um efeito inflacionário devido ao impacto dessas mudanças nas cadeias de suprimentos e no comportamento das empresas”, apontou o Fed.

A ata da reunião de janeiro detalha que, embora o Fed ainda espere uma diminuição nas pressões inflacionárias ao longo do ano, uma série de fatores pode dificultar esse processo. Entre esses fatores, destaca-se a possibilidade de as empresas aumentarem os preços para compensar os custos mais elevados com insumos, decorrentes de tarifas impostas sobre produtos importados. “Contatos comerciais em vários distritos do Fed indicaram que as empresas estão se preparando para repassar aos consumidores os custos mais altos de insumos devido a tarifas potenciais”, afirmou o documento.

O tom da ata diverge das apostas feitas por investidores nos últimos meses. O mercado havia precificado múltiplos cortes de juros para 2024, mas a abordagem baseada em dados do Fed sugere que essas projeções podem ter sido exageradas. A reação do mercado aos sinais do banco central tem sido mista. Na última semana, dados divergentes sobre a inflação e uma queda acentuada nas vendas do varejo levaram a um recuo nos rendimentos dos Treasuries, em meio a expectativas de um Fed mais dovish. No entanto, os registros da reunião de janeiro mostram que os dirigentes permanecem atentos ao risco de um alívio prematuro na política monetária.

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que imporá novas tarifas sobre produtos como madeira, carros, semicondutores e farmacêuticos nos próximos meses. Durante uma conferência em Miami, Trump mencionou que as tarifas sobre madeira e produtos florestais poderão chegar a 25%, com previsão de entrarem em vigor no início de abril, junto com tarifas semelhantes sobre automóveis. Ele afirmou que essas medidas visam gerar receitas significativas para os EUA, mas também ofereceu a outros países a possibilidade de evitar as tarifas caso reduzam ou eliminem suas próprias barreiras comerciais contra produtos americanos.

Em Brasília, das 16 comissões permanentes do Senado, 14 elegeram seus presidentes nesta quarta-feira (19). Somente as comissões de Comunicação e Direito Digital (CCDD) e da Defesa da Democracia (CDD) ainda não formalizaram o nome de seus presidentes. Os nomes, confirmados pelos integrantes das comissões, foram definidos por consenso entre as lideranças partidárias.

Ao tomar posse como presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o senador Renan Calheiros defendeu o controle dos subsídios concedidos pela União à iniciativa privada. Segundo Renan, os benefícios somam R$ 643 bilhões. Ele também disse que a comissão vai enfrentar outros temas ligados ao controle dos gastos e citou como exemplos os imóveis da União, os contratos públicos e os chamados “supersalários” a remuneração de servidores públicos acima do teto previsto na Constituição de 1988.

Já o novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o senador Otto Alencar
(PSD-BA) afirmou que vai buscar a sintonia entre CCJ e Plenário e indicou a continuidade da regulamentação da reforma tributária (PLP 108/2024), a defesa do desenvolvimento e o zelo pela democracia como prioridades dentro da comissão.

Além de Calheiros e Alencar, outros 12 senadores assumiram as comissões de Desenvolvimento Regional (CDR), Assuntos Sociais (CAS), Relações Exteriores (CRE), Meio Ambiente (CMA), Direitos Humanos (CDH), Infraestrutura (CI), Segurança Pública (CSP), Fiscalização e Controle (CTFC), Educação e Cultura (CE), Ciência e Tecnologia (CCT), Esporte (CEsp) e Agricultura e Reforma Agrária (CRA).

A temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 continua hoje, com números da B3, Engie Brasil, Lojas Renner e Rumo.

Nos setor corporativo, a Vale divulgou na noite de ontem (19) o balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24), com prejuízo líquido (atribuído aos acionistas) de US$ 694 milhões, revertendo o lucro líquido de US$ 2,4 bilhões registrado no mesmo período de 2023. Em 2024, o lucro líquido foi de US$ 6,6 bilhões, queda de 23% em comparação a 2023. Já o lucro líquido “pro forma”, que inclui arrendamento, foi de US$ 872 milhões no 4T24, recuo de 64% em relação ao 4T23. Em 2024, o lucro líquido “pro forma” foi de US$ 7,7 bilhões, queda de 3% em comparação a 2023. Segundo a companhia, o resultado negativo é reflexo, principalmente, do impacto do reconhecimento da redução ao valor recuperável de US$ 1,4 bilhão relacionada às operações de níquel de Thompson e de US$ 540 milhões relacionados ao projeto de Extensão da Mina de Voiseys Bay, após uma revisão abrangente dos ativos da VBM.

A Vale informou que seu Conselho de Administração aprovou a distribuição de dividendos no valor total bruto de R$ 2,141847479 por ação, apurados conforme o balanço de 31 de dezembro de 2024, que contempla remuneração prevista pela Política de Remuneração aos Acionistas. A data de corte para pagamento dos dividendos aos detentores de ações de emissão da Vale negociadas na B3 será o dia 7 de março de 2025, e a record date para pagamento dos dividendos aos detentores de American Depositary Receipts (ADRs) negociados na New York Stock Exchange (NYSE) será o dia 10 de março de 2025. As ações da Vale serão negociadas ex-dividendo na B3 e na NYSE a partir de 10 de março de 2025. A companhia informa que procederá com o pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP) no valor total bruto de R$ 0,520530743 por ação de emissão da Vale, já deliberados pelo Conselho de Administração.

A Assaí reportou lucro líquido do exercício de R$ 474 milhões no quarto trimestre de 2024, uma alta de 38,2% em relação ao desempenho obtido no mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2024, o lucro líquido foi de R$ 930 milhões, 19,8% acima do registrado em 2023. “O desempenho demonstra resiliência frente às despesas financeiras e às limitações impostas pelas novas regras para o uso da subvenção para investimentos”, comentou a companhia, em seu relatório trimestral. Já o ebitda ajustado cresceu 15,7% no quarto trimestre frente ao mesmo período de 2023, para R$ 1,294 bilhão, com margem ebitda ajustada de 6,4% (+0,3 pp). No ano, o ebitda ajustado totalizou R$ 4,177 bilhões, alta anual de 19,5%. A margem ebitda ajustada de 2024 foi de 5,7% (+0,4 pp)

O Banco do Brasil registrou um lucro líquido ajustado de R$ 37,9 bilhões em 2024, um aumento de 6,6% em relação a 2023, com um retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) de 21,4 %. No quatro trimestre, o lucro líquido ajustado foi de R$ 9,6 bilhões, 0,7% acima do terceiro trimestre de 2024 e 1,5% superior ao resultado do quarto trimestre de 2023. O desempenho anual foi impulsionado, principalmente, pelo crescimento da margem financeira bruta (+11,2%), das receitas de prestação de serviços (+4,9%) e pelo controle das despesas administrativas (+4,4%), que se manteve abaixo da inflação.

A Gerdau registrou lucro líquido ajustado de R$ 666 milhões no quarto trimestre de 2024, queda de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No ano, o lucro líquido ajustado da companhia foi de R$ 4,3 bilhões, queda de 37,5% na comparação anual. “O resultado reflete o arrefecimento dos resultados operacionais da Companhia, bem como a variação do Resultado Financeiro”, explicou a empresa, em seu relatório trimestral. O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia aumentou 17,2% no quarto trimestre, para R$ 2,4 bilhões, na comparação anual. A margem ebitda ajustada avançou 0,4 ponto percentual (pp), para 14,2%. No ano, os mesmos indicadores foram R$ 10,8 bilhões, recuo de 19,7% e margem de 16,2% (-3,4 pp).

O Banco do Brasil comunica que aprovou, em 18/02/2025, a distribuição de R$ 776.292.602,67 a título de remuneração aos acionistas sob a forma de dividendos e R$ 1.955.503.564,80 sob a forma de Juros sobre Capital Próprio (JCP), ambos relativos ao quarto trimestre de 2024, totalizando uma distribuição de cerca de R$ 2,7 bilhões. Os valores por ação atualizados até a data de hoje (19/2), são de R$ 0,13825326102 para os dividendos e 0,34826397140 para os JCP complementares.