São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em instabilidade. A semana “começa” no Brasil ( (Bolsa reabre hoje no período da tarde) com os investidores analisando os possíveis desdobramentos da guerra comercial criada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que resolveu taxar em 25% as importações do Canadá e do México, e em 20% os produtos da China. As tarifas entraram em vigor nesta semana.
Ontem, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, confirmou a taxação de 25% sobre
importações dos Estados Unidos no valor de US$ 20,827 bilhões, com efeito imediato. Essa troca de tarifas entre os dois países pode ter impactos significativos nas economias de ambos os lados da fronteira, afetando cadeias de suprimentos e aumentando custos para consumidores e empresas. Enquanto o Canadá busca proteger sua indústria doméstica, a situação reforça a incerteza no cenário comercial global, já marcado por disputas entre os EUA e outras nações.
Já a China suspendeu as licenças de importação de soja de três empresas dos Estados Unidos e interrompeu as importações de toras de madeira do país, intensificando sua retaliação às tarifas adicionais impostas pelos EUA sobre produtos chineses. Antes, a China também impôs tarifas sobre US$ 21 bilhões em produtos agrícolas e alimentícios dos EUA, incluindo soja, trigo, carne e algodão. As tarifas adicionais impostas pela China incluem uma tarifa de 15% sobre frango, trigo, milho e algodão dos EUA, além de um imposto extra de 10% sobre soja, sorgo, carne suína, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios, a partir de 10 de março.
Na noite de ontem, em seu primeiro grande discurso desde a posse, Trump defendeu as tarifas como necessárias para proteger a indústria americana, mas reconheceu que podem causar “algum distúrbio”. Ele afirmou ainda que a partir do dia 2 de abril adotará tarifas recíprocas, e ressaltou que União Europeia, China, Brasil, México e Canadá cobram tarifas injustas. Trump também quer taxar em 25% as importações da União Europeia.
Para a BBVA Research, as tarifas ao México anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não seriam sustentáveis ao longo do tempo devido ao alto custo econômico e político. Os analistas do BBVA acreditam que sua implementação geraria pressão inflacionária e sobre as taxas de juros, uma vez que as tarifas de 25% encareceriam produtos chave, como alimentos e manufaturas, aumentando a inflação e forçando o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) a manter as taxas de juros mais altas. Além disso, a integração das cadeias de valor do México e do Canadá, especialmente nas indústrias automotiva e manufatureira, faria com que os custos aumentassem, a competitividade diminuísse e o emprego nos Estados Unidos fosse afetado.
Analistas acreditam que a guerra comercial pode afetar negativamente o Brasil, já que deve aumentar a pressão inflacionária nos EUA com o aumento do custo dos produtos diante da taxação de importações do Canadá, México e China. A perspectiva é que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não deve mexer nos juros nas duas próximas reuniões, mas uma alta nos juros, antes descartada pelos analistas, pode acontecer caso um possível aumento de preços ocorra nos próximos meses.
A China anunciou mais estímulos fiscais, prometendo maiores esforços para impulsionar o consumo e mitigar o impacto da crescente guerra comercial com os Estados Unidos, enquanto Pequim busca atingir um crescimento econômico de cerca de 5% este ano. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou, em seu discurso na abertura da reunião anual do parlamento, que “mudanças nunca vistas em um século estão ocorrendo no mundo a um ritmo acelerado”.
A guerra comercial com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, ameaça o setor industrial da China, enquanto a fraca demanda doméstica e a crise do endividado setor imobiliário tornam a economia cada vez mais vulnerável. Li prometeu reduzir o desequilíbrio entre oferta e demanda, implementar reformas fiscais para melhorar as receitas dos governos locais e estimular o consumo doméstico. Um representante do governo afirmou separadamente que tais políticas poderão ser anunciadas ainda este ano.
Por aqui, o relator do Orçamento, senador Angelo Coronel (PSD-BA), disse à CNN Brasil que fechou com o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), para votar o Orçamento de 2025 em plenário no dia 18 de março. Um dia antes o texto deve passar pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). A previsão do relator é fazer um reunião com líderes nos dia 11 de março para ouvir as últimas sugestões antes de fechar o texto final.
A votação do Orçamento teve o caminho aberto após o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologar no dia (26) um plano de trabalho para dar mais transparência e rastreabilidade ao pagamento das emendas parlamentares. Na prática, a decisão de Dino retomou a transferência de parte recursos, desde que respeitadas regras de monitoramento das emendas.
No setor corporativo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária para março de 2025 será verde. Isso significa que os consumidores de energia elétrica não terão custo adicional nas contas de energia. De acordo com a agência, desde dezembro de 2024, a bandeira tarifária permanece verde, refletindo as condições favoráveis de geração de energia no país. Com o período chuvoso, os níveis dos reservatórios melhoraram, assim como as condições de geração das usinas hidrelétricas. Dessa forma, o acionamento de usinas termelétricas, que possuem energia mais cara, torna-se menos necessário.
A Petrobras informou que o preço médio de venda de Querosene de Aviação (QAV) da Petrobras para as distribuidoras registrará uma redução de 5,9% a partir de 1º de março de 2025, o que corresponde a uma redução aproximada de R$ 0,25 por litro. A companhia destaca que no acumulado desde dezembro de 2022, a Petrobras reduziu os seus preços de
QAV em 23,2%, equivalente a um decréscimo de R$ 1,18 por litro. No ano de 2025 somente, o reajuste acumulado é de 8,7%, o que corresponde a um acréscimo de R$ 0,31 por litro em relação ao preço de dezembro de 2024.