São Paulo – A Bolsa encerrou em alta leve em um pregão encurtado no pós-carnaval e com volume reduzido, apesar da queda forte da Petrobras (PETR3 e PETR4).
Em contrapartida, as ações da Vale (VALE3) e do setor financeiro tiveram boa performance, mas o destaque positivo ficou para Embraer (EMBR3). As tarifas impostas pelo governo de Donald Trump ao México, Canadá e China foram monitoradas.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 4,60% e 3,64% em razão do recuo do petróleo no mercado internacional. A Vale (VALE3) subiu 0,79%.
O principal índice da B3 subiu 0,20%, aos 123.046,85 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril caiu 0,15%, aos 124.705 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,56bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, disse que “mesmo com a forte queda da Petrobras, o Ibovespa consegue operar em terreno positivo no pós-carnaval, em uma sessão encurtada e com volume financeiro mais baixo. A Petrobras reflete o recuo do petróleo por conta do aumento acima do esperado dos estoques de petróleo e da Opep ter anunciado que vai retomar a produção. O grande destaque de alta fica para a Embraer [ON, +8,79%], que liderou os ganhos [do Ibovespa] com o anúncio de que vai aumentar a atuação no mercado mexicano. Outra alta fica para a Ambev [ON, + 4,58%] pelo fato de o mercado acreditar que as vendas [de bebidas] no carnaval vão ser melhores que a expectativa”.
Alan Martins, analista técnico da Nova Futura Investimentos, disse que a Petrobras pesa no Ibovespa.
“A Bolsa está fraca por conta da Petrobras. Se não fosse ela, a bolsa subiria mais porque outros setores avançam como financeiro. Os DIs caem e dólar na mínima. O petróleo melhorou um pouco, mas chegou a cair mais de 4%, principalmente após os estoques de petróleo [subiu 3,6 milhões de barris para R$ 433,8 mi de barris na semana encerrada de 28 de fevereiro] muito acima do esperado. A negociação entre os EUA e Ucrânia está avançando, inclusive em relação aos minerais. Hoje p volume está reduzido”.
Virgilio lage, especialista da Valor Investimentos, disse que “a bolsa no zero a zero com o mercado refletindo as tarifas comerciais impostas pelo Trump para México, Canadá e China, porém o Brasil se beneficiou nesse curto prazo, tendo em vista que não foi afetado no primeiro momento. As ações da Petrobras impedem que o índice avance”.
Armstrong Hashimoto, operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que no radar dos investidores “está o tema das tarifas impostas pelo governo Trump. Lá fora o mercado tenta aliviar um pouco após dois dias de aversão ao risco. Por aqui, a agenda [de indicadores] é fraca. O mercado espera pelo grande dado da semana, o payroll (relatório de emprego) nos EUA na sexta-feira [07]”.
No mercado de câmbio, o dólar fechou em queda de 2,70%, cotado a R$ 5,7555. A moeda refletiu, ao longo da sessão, os sinais de desaceleração da economia norte-americana e os estímulos à economia chinesa.
Mais cedo, foi divulgado que o índice do Instituto de Gerência e Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu para 50,3 pontos em fevereiro ante projeções de 50,8. No mês imediatamente anterior, o indicador registrou 50,9 pontos.
Já a China anunciou medidas que visam estimular a economia, especialmente o mercado de ações e o setor imobiliário. O país emitirá R$ 1,3 trilhão de yuans em títulos especiais de longo prazo em 2025, acima do emitido em 2024 (R$ 1 trilhão).
O analista da Potenza Capital Bruno Kmoura observa que o mercado se animou com a possibilidade que o país asiático cresça 5% neste ano, além das medidas de estímulo.
Para o analista da Ajax Asset Rafael Passos, os sinais de desaceleração da economia dos Estados Unidos impacta diretamente o câmbio e as curvas de juros.
Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda puxadas pelos dados mais fracos da economia dos Estados Unidos, em movimento contrário ao rendimento dos títulos do Tesouro americano (treasuries) de 10 anos.
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,805% de 14,980% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,770%, de 15,055%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,715%, de 14,990%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,755% de 15,045% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, registrando uma recuperação após perdas consecutivas, à medida que os investidores esperavam que a isenção concedida às montadoras nas tarifas do presidente Donald Trump abrisse caminho para mais concessões.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,14%, 43.006,59 pontos
Nasdaq 100: +1,46%, 18.552,7 pontos
S&P 500: +1,11%, 5.842,63 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News