Bolsa fecha em alta com commodities, ações cíclicas e exterior; dólar sobe e encerra a R$ 5,78

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, oscilou entre a máxima de 125.821,53 pontos e mínima de 122.529,86 pontos, em dia de otimismo com a boa performance das commodities, ações da economia doméstica e sinais mais positivos do exterior. Das 87 ações da carteira teórica, apenas nove caíram. Na semana, acumulou ganhos de 1,82%.

A partir de segunda-feira (10), a Bolsa muda de horário de negociação com o início do horário de verão nos Estados Unidos no domingo (9), e na Alemanha e Inglaterra dia (31). O mercado à vista será até as 17h e não mais até as 18h, mas a abertura segue às 10h.

As maiores altas ficaram para Brava Energia (BRAV3) e Magazine Luiza (MGLU3) com ganhos de 10,82% e 10,54%.

As ações da Vale (VALE3) subiram 1,45%. Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 1,21% e 1,07%.

O principal índice da B3 subiu 1,35%, aos 125.034,63 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 1,32%, aos 126.610 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, disse que fatores internos e externos ajudaram no bom humor da Bolsa.

“No cenário internacional, a possibilidade de cortes nos juros dos Estados Unidos impulsiona mercados emergentes, tornando ativos brasileiros mais atrativos. Esse otimismo é reforçado por dados do mercado de trabalho americano mais fracos do que o esperado. Internamente, a valorização das commodities beneficia empresas com forte peso no índice, como Petrobras e Vale. O alívio na curva de juros ajuda as empresas mais sensíveis a juros, o que contribui para a alta do Ibovespa”.

Ubirajara Silva, gestor in dependente de renda variável, disse que “os grandes destaques do Ibovespa são as empresas ligadas ao mercado interno commodities. Tem muita gente short em Ibovespa [investidor aluga uma ação e vende, sendo a finalidade lucra na diferença entre o preço de venda inicial e de compra futura]. Outro fator que faz preço é a pesquisa que saiu hoje mostrando queda na popularidade do governo e alta na rejeição”.

Silva disse que a realização no exterior deve estar perto do final, “e isso abre as portas para uma melhora maior do Ibovespa”.

Thiago Duarte, analista de mercado da Axi, disse que o resultado do PIB “mostra a intensidade da desaceleração da economia brasileira, com os mercados já se preparando para mais fraqueza adiante. Com a taxa Selic em 13,25% e uma nova alta esperada para 19 de março, as perspectivas de crescimento continuam a se deteriorar. Acreditamos que esses dados reforçarão as preocupações de que a economia brasileira está sofrendo com condições monetárias apertadas, enquanto o investimento e o consumo seguem sob pressão”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “embora o PIB tenha vindo abaixo da expectativa do mercado, é muito bom com três anos seguidos com crescimento acima de 3%, com distorções em algumas áreas, mas mais equilibrado que nos últimos anos com efeito da pandemia. Para 2025, esperamos avanço de 2,5% puxado por agronegócio”.

Em relação ao PIB, Cruz disse que o payroll veio um pouco abaixo do esperado com efeitos do governo Trump, com 10 mil vagas a menos que são as do governo federal que foram retiradas. Ao longo do ano essa taxa de desemprego deve subir e deve impactar a decisão do Fed caso a taxa de desemprego come a desacelerar de forma mais intensa.

Mais cedo, foi divulgado o relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) nos Estados Unidos. Foram criadas 151 mil vagas de trabalho em fevereiro, bem acima do esperado pelos analistas de 170 mil. A taxa de desemprego ficou em 4,1%, também veio acima das expectativas (4,0%). A abertura de postos de trabalho em janeiro é revisada de 143 mil para 125 mil.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB brasileiro cresceu 0,2% no quatro trimestre, abaixo das expectativas (+0,4%) e encerrou 2024 em 2,34%, praticamente em linha.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,51%, cotado a R$ 5,7886 em dia de cautela por parte dos investidores em razão dos ruídos frequentes patrocinados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em meio a uma desaceleração da economia do país.

A divisa oscilou entre a mínima de R$ 5,7537 e máxima de R$ 5,8002. Na semana, a moeda norte-americana caiu 2,14%.

De acordo com o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o clima hoje é de cautela, gerado pelos ruídos quase que diários de Trump.

Nagem observa que a semana encurtada devido ao Carnaval faz com que a liquidez fique reduzida, voltando ao normal apenas na próxima segunda.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, o resultado de hoje corrobora a tese de que a economia estadunidense começa a apresentar sinais de desaceleração, e aumenta as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) corte os juros antes do esperado, por volta de julho.

Diferentemente do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda puxadas pelo PIB brasileiro abaixo do esperado, avaliação mais negativa do governo Lula e as medidas anunciadas pelo governo para baixar os preços dos alimentos.

Por volta das 16h53 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,745% de 14,815% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,595%, de 14,820%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,500%, de 14,800%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,560% de 14,880% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, ainda que registrassem a pior semana em meses, à medida que as ações de política comercial do governo dos Estados Unidos deixavam os investidores apreensivos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,52%, 42.801,72 pontos
Nasdaq 100: +0,70%, 18.196,2 pontos
S&P 500: +0,55%, 5.770,20 pontos

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News