MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – Após abrir em alta, o Ibovespa virou para queda puxado pelas ações do Itaú Unibanco, que teve recomendação rebaixada pelo JP Morgan, em meio a um cenário de maior cautela antes do feriado amanhã. Investidores também observam o comportamento do dólar, que fechou em patamar recorde ontem, e dos juros futuros, depois que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, não comentou sobre o patamar da moeda e sinalizou que a Selic deve cair apenas mais uma vez.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,59% aos 105.635,50 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 5,6 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2019 apresentava recuo de 0,41% aos 106.080 pontos.

“Hoje, os bancos estão mais negativos puxados pelo Itaú Unibanco e o prolongamento da questão da guerra comercial tem impactado mais as moedas de emergentes. Acredito que os mercados de câmbio e juros têm contaminado a Bolsa”, disse o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber.

Os papéis do Itaú Unibanco passaram a ficar entre as maiores perdas do Ibovespa depois que o banco JP Morgan rebaixou a recomendação para neutra para as ações. Outras ações do setor também recuam, caso do Santander. Ainda entre as maiores perdas do índice estão as ações do Magazine Luiza.

No cenário externo, seguem as incertezas sobre as negociações comerciais entre China e Estados Unidos, que têm dominado o noticiário e mantêm as bolsas norte-americanas sem força hoje e o dólar pressionado. Depois de superar recorde histórico de fechamento ontem, o dólar também sobe hoje, próximo de R$ 4,22, embora com variação modesta. A negociação acima de R$ 4,20 levantou a suspeita de que o BC pudesse atuar no mercado, o que não aconteceu até o momento.

Durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Campos Neto, não fez comentários sobre o câmbio e reforçou a mensagem da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de que há espaço para “um ajuste adicional, de igual magnitude” na Selic no último encontro deste ano, em dezembro.

Ainda na cena doméstica, Weber destaca que investidores não receberam bem declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, ontem, de que a reforma administrativa será suave, além de investidores poderem mostrar alguma cautela antes de feriado amanhã, quando será divulgada a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), mas o mercado brasileiro ficará fechado.

O dólar comercial segue sem rumo único frente ao real e opera acima de R$ 4,21 acompanhando o mercado externo com a moeda operando um pouco mais forte em relação a moedas pares e de países emergentes. Aqui, o mercado digere o discurso do presidente do Banco Central (BC) no Senado, visto como “sem novidades”, além da autoridade monetária seguir sem atuações no mercado para conter o avanço da moeda.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,11%, sendo negociado a R$ 4,2120 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em dezembro de 2019 apresentava ligeiro recuo de 0,05%, cotado a R$ 4,216.

Mais cedo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participou de uma audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o que era aguardado pelo mercado local. Enquanto Campos Neto discursava, a moeda estrangeira renovou mínimas a R$ 4,1880 (-0,45%).

“Mas ele [presidente do BC] não foi específico. Não disse nada de novo e o dólar voltou para R$ 4,20 e dá sinais de que continuará nesse patamar até que apareça algum bom motivo que faça a moeda recuar”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes.

Gomes acrescenta que o Banco Central não realizou as operações anunciadas para hoje. O leilão conjugado de venda de dólar à vista e a operação de swap cambial reverso com vencimento em 2 de janeiro de 2020 foram cancelados devido ao feriado de Dia da Consciência Negra amanhã, em São Paulo, o que fechará a B3. As operações também não serão realizadas nesta quarta-feira em razão do mesmo feriado. Segundo o BC, os volumes ofertados, de US$ 600 milhões em cada dia, serão distribuídos nos demais dias úteis do mês.

A moeda voltou a subir após a abertura dos negócios nos Estados Unidos com o mercado acionário em alta. O diretor do Correparti lembra que, com o feriado em algumas cidades do País – incluindo São Paulo – a liquidez tende a seguir reduzida, corroborando para um movimento mais pressionado do dólar. Além de uma agenda de indicadores mais fraca.

Lá fora, as atenções seguem na guerra comercial, mesmo diante do “vaivém de percepções” do mercado em relação às negociações comerciais entre Estados Unidos e China, avalia o trader de mesa de câmbio da Travelex Bank, Pedro Molizani. Ontem, rumores de que o governo chinês está pessimista em relação às chances de um acordo com norte-americanos piorou o humor dos mercados na reta final dos negócios, o que ajudou a moeda a fechar na maior cotação nominal da história, a R$ 4,2070 para venda.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem com uma direção indefinida e variações entre margens estreitas, em meio à oscilação do dólar após a máxima histórica registrada ontem, acima de R$ 4,20. Enquanto o trecho mais curto da curva a termo é influenciado por declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, os vértices mais longos monitoram o comportamento do dólar, em meio à cautela com a pausa nos negócios locais amanhã.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 4,713%, de 4,72% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 projetava taxa de 4,68%, de 4,68% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 estava em 5,85%, de 5,82%, na mesma comparação; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,42% de 6,36% do ajuste da véspera.