Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – Após já abrir em queda, o Ibovespa acelerou perdas e passou a cair mais de 1% perto da abertura das bolsas norte-americanas, o que aumenta o fluxo de negócios. O índice reflete a preocupação com a forte alta do dólar hoje, com a moeda mantendo o nível de R$ 4,25 mesmo com leilão à vista de dólares, além de refletir as maiores perdas de ações de bancos e da Petrobras.
Em relação às ações de bancos ainda reflete a questão da possível tributação sobre dividendos, já que as empresas do setor são grandes pagadores de dividendos.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,57% aos 106.715,51 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 7,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2019 apresentava recuo de 1,55% aos 106.895 pontos.
“O comentário de Guedes [Paulo, ministro da Economia] levou a esse comportamento de alta da moeda, isso estressa a curva de juros e contamina a Bolsa”, disse o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber. “Há receio de contágio na inflação, já que também estamos vendo preços de carnes mais fortes, a Petrobras reajustou o preço de gás de cozinha, siderúrgicas estão aumentando preços de aço… O mercado começa a ficar um pouco desconfortável com a toada de queda de juros”, completou.
O dólar comercial abriu em forte alta e atingiu o recorde intradiário de R$ 4,27, com investidores reagindo às falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse que é preciso “se acostumar” com um dólar mais alto, durante uma entrevista ontem nos Estados Unidos. Para ele, é natural a valorização da moeda em um ambiente de juros mais baixo e fiscal mais apertado. A moeda chegou a desacelerar ganhos com a atuação do Banco Central (BC), que resolveu vender dólares à vista, mas segue acima do R$ 4,25.
Entre as ações, assim como ontem, as do setor financeiro seguem mais pesadas, caso do Itaú Unibanco e da B3, já que além de Guedes falar sobre o câmbio, confirmou que estuda a tributação de dividendos, atualmente isentos. Os papéis da Petrobras também ampliaram perdas apesar da alta dos preços do petróleo.
Já as maiores quedas do Ibovespa são da Gol e da Azul, que sentem a alta do dólar, já que a moeda afeta os preços de combustíveis, responsáveis por grande parte do custo de companhias aéreas. Na contramão, entre as maiores altas, estão ações de se beneficiam do dólar forte por serem exportadoras, caso da CSN, da Gerdau e da Suzano.
Com o foco no mercado de câmbio, a Bolsa brasileira se descola do cenário externo, onde as bolsas norte-americanas têm leves altas refletindo avanços nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos.
O dólar comercial segue pressionado frente ao real e em patamar histórico mesmo após a intervenção do Banco Central (BC) há pouco com o leilão de venda de dólares no mercado à vista com montante mínimo de US$ 1,0 bilhão. Em reação, a moeda local desacelerou
os ganhos chegando à mínima de R$ 4,23. Porém, antes, a moeda renovou sucessivamente as máximas históricas, indo a R$ 4,27.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,13%, sendo negociado a R$ 4,2630 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em dezembro de 2019 apresentava avanço de 0,79%, cotado a R$ 4,262.
Investidores reagem negativamente às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que é para “se acostumar” com o câmbio mais alto e com juros mais baixos por um “bom tempo”. O operador de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, avalia que “não foi um bom momento para esse tipo de declaração”.
A última vez que o Banco Central realizou essa operação foi em 27 de agosto quando à época, o dólar chegou à máxima de R$ 4,1960 no pregão. Depois disso, a autoridade monetária adotou a operação conjugada de leilão de venda à vista de dólar e operação de swap cambial reverso. “O valor é insuficiente, mas a imprevisibilidade ajudou a derrubar”, diz Faganello.
Nos últimos dias, porém, apesar de aumentar o valor da operação, saindo de US$ 600 milhões para US$ 785,0 milhões, o mercado não tem recorrido à operação. “Se a moeda continuar se deteriorando, assumindo que o gatilho foi o discurso do Guedes, o BC tem pouco a fazer. Afinal, uma intervenção cambial seria percebida como ‘confusa'”, avalia o operador de derivativos de um banco estrangeiro.
As taxas contratos futuros de juros (DIs) seguem em alta forte, monitorando o comportamento do dólar, que reduziu os ganhos e passou a ser cotado abaixo de R$ 4,25 após uma intervenção do Banco Central via leilão à vista. Os mercados domésticos reagem à fala do ministro Paulo Guedes (Economia), de que é bom se acostumar com o nível elevado da moeda estrangeira, e avaliam o impacto de um real mais fraco na inflação – e, de quebra, no rumo da Selic.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 4,683%, de 4,680% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 projetava taxa de 4,77%, de 4,65%; o DI para janeiro de 2023 estava em 6,03%, de 5,94% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,61%, de 6,54%, na mesma comparação.