Trump assina leis apoiando protestos pró-democracia em Hong Kong

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Por Cristiana Euclydes

São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou e transformou em lei dois projetos em apoio aos protestos pró-democracia em Hong Kong, o que pode complicar ainda mais as negociações comerciais entre Pequim e Washington.

“Eu assinei essas leis por respeito ao presidente Xi [Jinping], à China e ao povo de Hong Kong. Eles estão sendo promulgados na esperança de que os líderes e representantes da China e Hong Kong sejam capazes de resolver amigavelmente suas diferenças, levando a paz e prosperidade a longo prazo para todos”, disse Trump, em comunicado divulgado pela Casa Branca.

Em outra nota, ele afirmou que certas disposições da lei “interfeririam no exercício da autoridade constitucional do presidente para declarar a política externa dos Estados Unidos”. Trump disse ainda que sua administração “tratará cada uma das disposições da lei de maneira

consistente com as autoridades constitucionais do presidente em relação às relações externas”.

As duas medidas foram aprovadas na Câmara dos Deputados e no Senado norte-americano na semana passada, com amplo apoio bipartidário. Uma delas proíbe exportação de certas munições, como gás lacrimogênio e balas de borracha, para a polícia de Hong Kong.

A outra torna o status comercial favorável dos Estados Unidos concedido a Hong Kong sujeito a uma revisão anual, e prevê sanções a autoridades chinesas e de Hong Kong devido a violações de direitos humanos. A política de Hong Kong tem dado respostas violentas aos protestos pró-democracia na região, que ocorrem há cinco meses.

O Ministério de Relações Exteriores da China criticou a assinatura das leis por Trump, afirmando, em comunicado, que esse movimento “interferiu seriamente nos assuntos internos da China e violou seriamente o direito internacional e as normas básicas das relações internacionais”.

“Os assuntos de Hong Kong são puramente internos da China. Nenhum governo ou poder estrangeiro tem o direito de intervir”, diz a nota. “Aconselhamos os Estados Unidos a não agir arbitrariamente, ou a China irá reagir resolutamente”.

Pequim e Washington tentam chegar à primeira fase de um acordo comercial, mas ainda não alcançaram um entendimento sobre questões como a retirada de tarifas norte-americanas a produtos chineses e a compra de produtos agrícolas dos Estados Unidos pela China.