Por Cristiana Euclydes, Gustavo Nicoletta e Júlio Viana
São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo a projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para este ano e o próximo, citando a piora nas previsões de crescimento de economias emergentes e agitações sociais.
O FMI prevê avanço de 3,3% no PIB mundial em 2020, ante projeção anterior, divulgada em outubro, de alta de 3,4%. Para 2021, a projeção foi rebaixada de 3,6% para 3,4%, depois da alta de 2,9% em 2019 e de 3,6% em 2018.
“A revisão para baixo reflete principalmente surpresas negativas à atividade econômica em alguns mercados emergentes, principalmente a Índia”, diz o FMI. “Em alguns casos, essa reavaliação também reflete o impacto do aumento da agitação social”.
Por outro lado, os acontecimentos desde o relatório anterior “apontam para um conjunto de riscos para a atividade global menos inclinados para o lado negativo”.
Segundo o FMI, há sinais de que o setor industrial e o comércio global vão recuperar-se, pela mudança ampla em direção a uma política monetária acomodatícia, por notícias favoráveis sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China e diminuição temores de um Brexit sem acordo.
“Os riscos negativos, no entanto, permanecem proeminentes”, segundo o FMI, citando o aumento das tensões geopolíticas, principalmente entre os Estados Unidos e o Irã, e a maior agitação social. Outros risos incluem a piora das relações entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais e o aprofundamento dos atritos econômicos entre outros países.
“A materialização desses riscos pode levar à deterioração rápida no sentimento, fazendo com que o crescimento global caia abaixo da linha de base projetada”.
Nas economias avançadas, o crescimento econômico para 2020 foi revisado de 1,7% para 1,6%, e ficou inalterado em 1,6% para 2021, após a alta de 1,7% em 2019. Para as economias emergentes, o FMI espera que o crescimento aumente para 4,4% em 2020 e 4,6% em 2021, o que representa 0,2 ponto percentual (pp) ante o relatório anterior, de 3,7% no ano passado.
BRASIL
O FMI elevou a previsão de crescimento do Brasil neste ano em 0,2 ponto porcentual (pp), a 2,2%, mas reduziu a estimativa de expansão no ano que vem em 0,1 pp, para 2,3%. Segundo o Fundo, a revisão para cima na previsão de crescimento deste ano deve-se à melhora na confiança, decorrente da aprovação da reforma da Previdência, e à redução dos impactos negativos no setor de mineração decorrentes do rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrido há quase um ano.
EUA
Os Estados Unidos devem crescer 2,0% em 2020 e 1,7% em 2021, segundo o FMI. A projeção para este ano caiu em 0,1 ponto percentual (pp) em relação à projeção feita em novembro, quando o relatório do banco previa um crescimento de 2,1%.
Segundo o reporte do banco, a atualização na previsão se deve a “um retorno a uma orientação fiscal neutra”, em referência às últimas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de manter inalterada a taxa básica de juros do país, sem perspectivas de cortes futuros.
CHINA
O FMI elevou a previsão de crescimento do PIB da China em 2020 em 0,2 ponto porcentual (pp), para 6,0%, mas a estimativa para 2021 diminuiu em 0,1 pp, a 5,8%. O Fundo disse que a China passa por uma “desaceleração estrutural” no ritmo de crescimento e que a tendência é de expansão menos intensa com o passar dos anos, mas afirmou que a revisão para cima na estimativa de alta do PIB em 2020 deve-se à perspectiva de remoção de parte das tarifas de importação que os Estados Unidos aplicaram aos produtos chineses.