Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – Após renovar seu recorde de fechamento ontem, o Ibovespa opera em queda, em linha com os principais mercados acionários no exterior, refletindo a maior preocupação com um vírus que se espalha na China, com potencial para atrapalhar a economia do país.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,59% aos 118.152,97 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 8,7 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava recuo de 0,55% aos 118.440 pontos.
“Ainda não sabemos o tamanho que surto pode ter na China, tivemos algumas mortes e cerca de 300 pessoas diagnosticadas. Teve também um pouco da questão da continuidade de protestos em Hong Kong”, disse o diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo, que acredita ainda que investidores aproveitam o momento para realizar lucros.
Os analistas da Commcor destacam que, além da óbvia preocupação com a saúde da população da região, e também global, mercados adotam cautela tendo em vista potenciais impactos na atividade, sendo que o feriado do Ano Novo Lunar chinês começa no próximo dia 25, “quando milhões de pessoas viajam pelo País”. O coronavírus causa uma pneumonia potencialmente fatal, que já matou quatro vítimas, sendo que o vírus já teria se espalhado para fora da China, aparecendo na Coreia do Sul pela primeira vez.
Além da cautela com a China, investidores estão atentos à participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, com o papel de vender o Brasil no exterior.
Entre as ações, há quedas generalizadas em vários setores de peso para o índice, mas as maiores perdas são da Hering, da Gerdau Metalúrgica e da CSN. Os papéis da Hering reagem a dados operacionais mais fracos do que o esperado pelo mercado no quarto trimestre de 2019.
O dia ainda é negativo para as ações do setor aéreo, Azul e da Gol, que sentem a alta do dólar, o que afeta custos das companhias.
Na contramão, as maiores altas são da Braskem, da TIM e da RD. As ações da Tim refletem a elevação de recomendação feita pelo Credit Suisse.
O dólar comercial segue em alta frente ao real, mesmo desacelerando-se em relação ao movimento exibido na abertura dos negócios chegando a ensaiar uma queda, em meio ao receio do mercado com as notícias sobre um vírus desconhecido que se espalha pela China, além de investidores estarem atentos ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,21%, sendo negociado aa R$ 4,1990 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava avanço de 0,16%, cotado a R$ 4,202.
O analista da corretora Mirae Asset, Pedro Galdi, comenta que o temor de que a doença se alastre para outros países dá o tom de pessimismo para os investidores, principalmente, do mercado acionário no qual há uma “pressão vendedora” generalizada.
Para o diretor da Correparti, Ricardo Gomes, o receio de investidores em meio ao surto da doença desconhecida e que já levou seis pessoas a óbito no país asiático, além de infectar outras centenas, se deve ao fato de não termos conhecimento de quanto isso pode refletir na economia da China.
“No mais, é uma semana em que o investidor tende a correr para proteção calibrando balanços corporativos, o Fórum em Davos, essa questão na China, além da agenda pesada de indicadores”, comenta. Ainda sobre a pressão da moeda norte-americana, Gomes acrescenta que o mercado está respeitando o nível de R$ 4,20 e o Banco Central (BC).
“O dólar passou desse patamar, mas voltou. Hoje tem muito vendedor no mercado entendendo que é um movimento pontual”, observa. Ele destaca, porém, que o BC segue “fora” do mercado desde o início do ano e deixa de “irrigar” nos negócios locais aproximadamente US$ 1,2 bi diariamente.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) oscilam entre margens estreitas e sem um rumo definido. A ausência de indicadores econômicos de peso e de novidades no front mantém o foco dos investidores no comportamento do dólar, que testa a marca de R$ 4,20 hoje.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,39%, de 4,420% ao final do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 projetava taxa de 5,02%, de 5,08% após ajustes da véspera; o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 5,61%, de 5,66%, na mesma comparação; e o DI para janeiro de 2025 estava em 6,35%, de 6,39% do ajuste anterior.