MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – Após operar sem uma direção clara, o Ibovespa aprofundou perdas acompanhando a leve piora das Bolsas norte-americanas e a virada para queda das ações de bancos. Investidores seguem cautelosos com o coronavírus e com a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), além de dados de vendas pendentes de imóveis terem caído mais do que o esperado.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,17% aos 116.280,32 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 7,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava recuo de 0,15% aos 116.425 pontos.

As Bolsas dos Estados Unidos, que abriram em alta, passaram a cair ou operar estáveis após vendas de imóveis terem vindo abaixo do previsto pelo mercado em dezembro, além de continuar a preocupação com possíveis impactos da disseminação do coronavírus, com o noticiário sendo acompanhado de perto. Há pouco, a American Airlines informou que suspendeu voos para a China, se juntando à British Airways, que foi primeira companhia aérea global a fazer isso hoje pela manhã.

O número de mortes na China causadas pelo coronavírus subiu para 132 e 5.974 casos foram confirmados no país. Outros 14 países, além da China, registraram casos.

“Ainda há um pouco de cautela no exterior, não sabemos direito ainda o quão rápido o vírus se espalha, o nível de contágio e mortalidade. O impacto no PIB chinês também pode estar sendo subestimado, estou mais pessimista”, disse o diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo.

Além da questão do coronavírus, investidores ficarão atentos ao tom do Fed hoje, que deve manter a taxa de juros como o esperado, mas pode citar maior preocupação com a economia mundial em função da situação geopolítica e do impacto do vírus. Para Zuffo, esse tom também pode ser determinante para calibrar apostas para a decisão do Copom na semana que vem, com parte do mercado acreditando que há espaço para mais uma queda da Selic.

Entre as ações, as do setor financeiro passaram a cair em sua maioria, depois de mostrarem volatilidade, pesando sobre o índice. Mesmo os papéis do Santander, que subiam mais cedo após o resultado trimestral do banco vir dentro do esperado pelo mercado, passaram a operar no campo negativo.

Para o diretor da SRM Asset, os papéis de bancos seguem sofrendo um pouco no contexto de maior competição com a Caixa Econômica e fintechs e após os dados do Santander, analistas tentam descobrir como podem vir os próximos resultados.

As maiores quedas do Ibovespa hoje são das ações da Azul, em meio ao cancelamento de voos para China no exterior, além das ações da Marfrig e da Cielo. Já as maiores altas são da WEG, que teve sua recomendação elevada para compra pelo HSBC, da MRV e da Localiza.

Exibindo forte volatilidade desde a abertura dos negócios, o dólar comercial voltou a oscilar em alta frente ao real calibrando os desdobramentos do avanço do coronavírus e à espera do mercado pelo comunicado com a decisão de política monetária do Fed.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,57%, sendo negociado a R$ 4,2190 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava avanço de 0,58%, cotado a R$ 4,220.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a sessão é volátil ainda sentindo os desdobramentos do coronavírus, ao mesmo tempo que calibra os riscos da doença quanto aos impactos econômicos na China e como deve refletir na economia global, ao mesmo tempo com oportunidades de realização.

Às 16 horas, sai o comunicado do Fed sobre a decisão de política monetária dos Estados Unidos. É esperada a manutenção da taxa de juros na faixa entre 1,50% e 1,75%, mas investidores aguardam a visão do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, a respeito dos efeitos da guerra comercial entre norte-americanos e chineses, no qual a primeira fase do acordo foi assinada neste mês, além dos impactos do coronavírus.

Com o patamar da moeda alto, o analista da corretora Commcor, Cleber Alessie, diz que o nível de R$ 4,20 parece ser uma “nova região” de equilíbrio. “A dinâmica do câmbio está ruim com os juros no chão [a 4,50%]. Tem fluxos pontuais de captação, mas a resiliência da nossa moeda está ruim”, comenta.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) intensificaram o ritmo de queda, principalmente no trecho longo da curva a termo, com os investidores retirando prêmios diante da menor preocupação com a disseminação do coronavírus para além da China. Já os vértices mais curtos consolidam as expectativas sobre o rumo da Selic.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,330%, de 4,335% ao final do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 projetava taxa de 4,93%, de 4,95% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 5,46%, de 5,50%; e o DI para janeiro de 2025 estava em 6,18%, de 6,21%, na mesma comparação.