Bolsa sobe seguindo exterior; dólar avança e bate recorde

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – Após passar o dia inteiro em queda e chegar a cair mais de 2%, o Ibovespa fechou com leve alta de 0,12%, aos 115.528,04 pontos, acompanhando a melhora das Bolsas norte-americanas depois que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou situação de emergência pública em nível internacional em função do coronavírus.

Para o analista do banco Daycoval, Enrico Cozzolino, já era esperado que a OMS declarasse emergência, o que pode explicar a redução das perdas do índice, com investidores voltando para comprar ações mais baratas. No entanto, ele acredita que o momento ainda é de cautela e que o cenário se tornou de maior risco nos últimos dias.

“Não podemos ignorar que o coronavírus veio em um bull market, com mercados em máximas históricas, podendo levar a uma realização mais forte. O impacto na economia chinesa já aconteceu”, alertou.

Segundo os últimos dados da OMS, o total de casos de coronavírus já chega a 7.834, sendo que existem 98 casos fora da China e quatro países já registraram contágio de pessoa para pessoa – Estados Unidos, Alemanha, Japão e Vietnã. Ainda de acordo com a organização, não houve mortes fora da China, onde 7.716 casos foram confirmados, com 170 mortes.

O analista da Necton Corretora, Glauco Legat, também acredita que piorou a percepção de risco e é difícil saber “como vão ser os impactos na economia real”, com o PIB chinês certamente devendo crescer bem menos do que o esperado pelo mercado em função do surto.

Entre as ações, as maiores quedas ficaram com as ações da Gerdau, da Gerdau Metalúrgica e da Petrobras, que tinham recuado bastante nos últimos dias. Já as maiores quedas foram da WEG, da Braskem e da Ecorodovias.

Amanhã, além de investidores seguirem monitorando o coronavírus, devem aguardar dados de renda e gastos pessoais nos Estados Unidos entre os destaques da agenda.

O dólar comercial fechou em alta de 0,97% no mercado à vista, cotado a R$ 4,2600 para venda, renovando a máxima histórica de 26 de novembro do ano passado quando encerrou a R$ 4,2580 para venda, refletindo a forte aversão ao risco em meio ao avanço do coronavírus na China e em outros países.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, reforça que o principal indutor para a forte alta do dólar foi tensão crescente dos investidores com a “epidemia” do coronavírus na China. “Já se espalhou para outros 18 países e pode impactar no crescimento da economia mundial”, comenta. A moeda renovou máximas sucessivas ao longo da sessão indo a R$ 4,2730 (+1,28%).

“Criou-se um certo pânico nos mercados. O assunto é preocupante, de fato, mas vejo um pouco de oportunidade para especulação”, diz o diretor de câmbio do Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência pública de saúde em nível global, enquanto nos Estados Unidos foi confirmado o primeiro caso de transmissão entre pessoas no país.

Amanhã, na última sessão do mês, os analistas ressaltam o movimento de formação da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – deverá provocar volatilidade na primeira parte dos negócios e ditar os rumos da moeda no mercado doméstico.

“Esse movimentou começou hoje em meio esse avanço, somado ao coronavírus”, comenta a economista-chefe de uma corretora local. Cavalcante, porém, não descarta a hipótese de que o Banco Central poderá intervir no mercado após o dólar fechar na máxima histórica.