Volume na Bovespa renova recorde e analistas veem manutenção

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Por Danielle Fonseca e Eduardo Puccioni

São Paulo – O volume no segmento Bovespa da B3 encerrou o mês de janeiro em R$ 512,9 bilhões, renovando o recorde histórico pelo segundo mês seguido, já que em dezembro o volume havia sido o maior da história com R$ 435,7 bilhões. Este valor representa um avanço de 17,7% se comparado com o mês anterior. O volume médio diário registrou alta de 1,7%, ficando em R$ 23,315 bilhões em janeiro.

O número de negócios total foi de 54,169 milhões, também renovando o recorde de agosto do ano passado, quando foi registrado 46,704 milhões de negócios. O montante representa um avanço de 31,5% ante o mês anterior, enquanto o número de negócios médio diário subiu 13,6% na mesma base de comparação.

Na avaliação de analistas, o processo de migração de investimentos em renda fixa para renda variável, o aumento de empresas fazendo ofertas de ações (para manutenção do patamar elevado) e a forte volatilidade vista no fim de janeiro levaram a Bolsa a registrar recordes de volume financeiro e de contratos negociados no primeiro mês de 2020.

Para eles, o volume mais forte também é uma tendência que veio para ficar, podendo continuar a subir ao longo deste ano com a repetição de de fatores já vistos em 2019 e se as incertezas trazidas pelo coronavírus não se aprofundarem.

Para o sócio-analista da Eleven Financial Research, Raphael Figueredo, um dos motivos desse aumento de volume é o crescimento de investidores na Bolsa, muito que antes investiam apenas em renda fixa. “O processo de chegada para investir em Bolsa está em estágio inicial, muitas pessoas estão se deslocando de renda fixa para renda variável e esse movimento existe também em grandes fundos”, acredita.

Outro fator apontado é o aumento do número de ofertas de ações, sejam primárias (IPOs) ou subsequentes (follow-on), que Figueredo afirma que devem continuar este ano. Só esta semana estão previstas quatro ofertas, os IPOs da construtora Mitre Realty, da empresa de tecnologia Locaweb, da incorporadora Moura Dubeux e a oferta subsequente (follow-on) da Petrobras.

Já para o gestor de portfólio da Infinity Asset, Fernando Siqueira, há três fatores principais para o volume recorde. O primeiro é a própria valorização do Ibovespa, principal índice da Bolsa, que ainda estava abaixo dos 100 mil pontos em janeiro do ano passado. Agora, vários papéis já estão mais caros, com a Bolsa negociando em torno dos 115 mil pontos.

Além disso, Siqueira também destaca o número de aumento de ofertas de ações na Bolsa e a volatilidade vista no fim de janeiro em função do surto de coronavírus. “Tivemos muitas ofertas na Bolsa recentemente e só isso já traz mais volume para ser negociado. Além disso, a maior volatilidade geralmente aumenta o número de negócios também, acaba contribuindo”.

O gestor da Rio Verde Investimentos, Eduardo Cavalheiro, concorda que há motivos para que o volume continua subindo, com a continuidade de investidores vindo da renda fixa e IPOs. Porém, afirma que o risco para essa tendência é a questão do coronavírus, já que ainda não está claro o quanto a economia chinesa pode desacelerar. “Se quebrar um pouco o otimismo, pode ser que o volume caia um pouco, mas acredito que as coisas podem ser normalizar rapidamente”, disse.