Bolsa sobe em dia mais calmo e de resultados corporativos; dólar renova máxima

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – Após três dias de queda, o Ibovespa subiu 2,48%, aos 115.370,61 pontos, impulsionado por resultados trimestrais positivos, notícias corporativas e um cenário externo mais tranquilo. O volume total negociado foi de R$ 26,072 bilhões.

O analista da Necton Corretora, Glauco Legat, destacou que o dia foi bastante muito bom para o setor financeiro, o que pesou no Ibovespa. “No exterior, ainda acompanhamos os contornos do coronavírus, mas no curto prazo, os estímulos que estão sendo feitos pelo governo chinês têm ajudado”, completou, afirmando que o cenário externo também colaborou para a alta de hoje.

No setor financeiro, o destaque foi do Itaú Unibanco (ITUB4 2,30%), que divulgou um balanço dentro do consenso, mas com alguns dados melhores, como a receita de serviços. Na esteira do Itaú e ainda refletindo a notícia de que Banco Votorantim (sua joint venture com a Votorantim Finanças) irá abrir capital, os papéis do Banco do Brasil (BBAS3 4,50%) também tiveram forte alta.

Alguns papéis que tiveram fortes perdas ontem em meio a receio de impacto do coronavírus na economia chinesa e em exportações para o país, ainda mostraram recuperação hoje, caso da Vale (VALE3 3,70%). A Vale também divulgou hoje o seu relatório de produção, com queda de 22,4% na produção de minério de ferro no quarto trimestre de 2019 frente ao mesmo período do ano anterior.

Já as maiores altas do Ibovespa foram de ações da B2W (BTOW3 6,78%), da Usiminas (USIM5 6,78%) e da Natura (NTCO3 6,26%). Na contramão, fecharam em queda apesnas as ações da Cielo (CIEL3 -1,51%) e do Carrefour (CRFB3 -0,45%).

Na agenda de amanhã, investidores devem observar os dados de vendas no varejo de dezembro. Já no exterior, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dará novo depoimento às 12h ao Comitê de Bancos, Moradia e Assuntos Urbanos do Senado norte-americano.

Para o economista-chefe da Codepe Corretora, José Costa, o Ibovespa pode manter o tom positivo ao longo da semana caso as preocupações com o coronavírus no exterior continuam arrefecendo e os próximos balanços continuar ajudando. “Acho que em breve o coronavírus pode sair um pouco do radar”, acredita.

O dólar comercial fechou com leve alta de 0,09% no mercado à vista, cotado a R$ 4,3270 para venda, na quarta sessão seguida em alta e em mais um recorde de fechamento, o terceiro seguido. Em dia de volatilidade, a moeda seguiu movimentos de divisas de países emergentes no exterior e de especulação no mercado doméstico.

O analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, comenta que a disparada da moeda no fim dos negócios, no qual renovou a máxima histórica intraday no patamar inédito a R$ 4,3400, descolou-se das demais divisa amparada por “forte movimento especulativo”.

Já o trader da Quantitas, Lucas Monteiro, salienta que a “dinâmica” do dólar vem seguindo da mesma forma exibida nas últimas semanas. “Não apenas uma notícia isolada. O que temos visto é que o real está com pouco apelo de investidores. O fluxo financeiro segue impactado pelos juros baixos. O Brasil tinha que entregar alguma coisa para segurar o dólar, aumentar os juros ou mostrar crescimento da economia”, avalia.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais enfraquecida no exterior, os dados de dezembro das vendas no varejo no mercado doméstico podem influenciar no preço da moeda. “É o último dado de 2019 e pode ratificar o movimento da economia no quarto trimestre”, comenta o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz.

Ele acrescenta que os dados, junto à produção industrial, dados de serviços e ao IBC-Br, servem como termômetro para o Produto Interno Bruto e consequentemente, para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, no qual já está consolidada a aposta de manutenção da taxa de juros, a 4,25%. “Salve uma deterioração muito relevante no fluxo de dados”, diz.