São Paulo – O Ibovespa segue em queda em meio à volta de preocupações sobre o impacto do surto de coronavírus, após a Apple ter anunciado que não conseguirá alcançar sua projeção de receita para o segundo trimestre do ano. Entre as ações, papéis como os da Vale e de siderúrgicas, ligados à demanda chinesa, estão entre os que mais pesam para a queda do índice.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,32% aos 113.785,23 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 7,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava recuo de 1,12% aos 114.405 pontos.
“A revisão dos números da Apple foi o gatilho para um movimento de correção. Acredito que investidores têm levado pouco em consideração o impacto do coronavírus até agora. A cadeia logística hoje é muito interligada, muitas empresas ainda vão sentir impactos porque dependem de peça de fábricas que ficaram paradas”, disse o diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo.
A Apple afirmou que a epidemia limitou a produção de iPhones da empresa e reduziu a demanda de seus produtos dentro da China. A companhia havia projetado no mês passado uma receita recorde para o trimestre atual entre US$ 63 bilhões e US$ 67 bilhões, o que não deve ser cumprido. A empresa ainda não forneceu uma estimativa de vendas atualizada, dizendo que a situação na China está evoluindo, e que deve ter mais informações em abril.
Zuffo destaca, porém, que apesar dos dados da Apple terem deixado investidores receosos, as bolsas norte-americanas não abriram com grandes quedas, podendo influenciar em uma melhora ao Ibovespa ao longo do dia.
Entre as ações, as da Vale e de siderúrgicas como as da Gerdau sentem os reflexos de temores em relação ao coronavírus. Já as maiores quedas do Ibovespa são da Totvs, da Qualicorp e do BTG Pactual. Na contramão, as maiores altas são da Marfrig, da Multiplan
e do Banco do Brasil. Investidores estão com expectativas positivas em relação ao balanço da Marfrig, que deve ser divulgado nesta semana.
O dólar comercial segue pressionado frente ao real desde a abertura dos negócios em ambiente de aversão ao risco e com a moeda estrangeira valorizada globalmente refletindo as preocupações de investidores com os impactos do coronavírus na economia global.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,50%, sendo negociado a R$ 4,3530 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2020 apresentava avanço de 0,54%, cotado a R$ 4,353.
“Após a Apple dar um sinal de que dificilmente cumprirá sua meta de vendas no primeiro trimestre do ano, reacende as preocupações em torno da situação global”, comenta o operador de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.
A companhia norte-americana de tecnologia declarou que não deverá cumprir a meta de vendas no primeiro trimestre deste ano já que houve redução na produção de produtos devido as instalações da Apple na China estarem reabrindo, mas operando em ritmo lento enfraquecendo a demanda no país asiático.
“Os mercados estão receosos de que o PIB [Produto Interno Bruto] da China caia para uma faixa abaixo de 5% devido aos reflexos da doença”, acrescenta o operado r. Para o analista da corretora Mirae Asset, Pedro Galdi, o alerta da Apple inaliza que outras empresas de tecnologia fora da China poderão registrar problemas de produção em decorrência do coronavírus que afeta indústrias do país asiático. Outros analistas de mercado citam “reação em cadeia” em que empresas de outros ramos podem também sentir os efeitos do surto da doença que paralisou parte da China.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) reduziram o ímpeto de alta e passaram a oscilar entre margens estreitas, próximas aos níveis dos ajustes de ontem. Os investidores relegam o alerta da Apple sobre o impacto do surto de coronavírus nos resultados financeiros e apoiam-se mais no viés desinflacionário da doença, bem como no efeito da atividade fraca sobre o rumo da Selic.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,215%, de 4,22% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,71%, de 4,71% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,27%, de 5,26%, na mesma comparação; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,99%, de 5,97% do ajuste anterior.