São Paulo – O Ibovespa ampliou perdas acompanhando de perto o movimento das Bolsas norte-americanas, que também passaram a cair mais de 4% diante da maior queda dos preços do petróleo e apesar da notícia de que o governo dos Estados Unidos pode prover US$ 200 bilhões em liquidez para combater os impactos do surto de coronavírus na economia.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 5,12% aos 87.485,25 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava recuo de 5,55% aos 87.555 pontos.
Há pouco, os preços do petróleo passaram a recuar mais de 3% refletindo um aumento maior do que o esperado pelo mercado dos estoques da commodity nos Estados Unidos. Isso afeta as ações da Petrobras, que têm grande peso no Ibovespa.
Mesmo as declarações do secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, de que o governo norte-americano pode injetar US$ 200 bilhões na economia não foram suficientes para acalmar os investidores, ques seguem esperando medidas concretas e preocupados com a disseminação do vírus. Mnuchin também teria dito que a situação de pânico é similar a vista após os atentados terroristas de 11 de setembro.
Outras ações ligadas a commodities, como as de siderúrgicas ampliaram perdas, caso da Gerdau e da CSN, que estão entre as maiores quedas do Ibovespa. As ações de aviação também seguem sentindo os efeitos do surto, com a Azul registrando a maior desvalorização no momento.
O dólar comercial tem alta firme frente ao real e oscila entre os níveis de R$ 4,66 e R$ 4,67 acompanhando o exterior onde as moedas de países emergentes perdem terreno para a divisa norte-americana em meio à contínua preocupação com os impactos do coronavírus nas economias globais na medida em que avança para outros países e governos anunciam medidas estimulativas para conter os efeitos da doença. Aqui, a operação do Banco Central (BC) não aliviou a tendência de alta da moeda.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,90%, sendo negociado a R$ 4,6890 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em abril de 2020 apresentava avanço de 0,84%, cotado a R$ 4.694.
“O Banco Central mantém as operações, mas a gente vê que não estão fazendo tanto efeito”, comenta o analista da Toro Investimentos, Pedro Nieman. Hoje, a autoridade monetária voltou a ofertar dólares no mercado futuro com a operação de swap cambial tradicional no qual colocou US$ 1,0 bilhão.
Enquanto os Estados Unidos não detalham as medidas fiscais que pretendem fazer para amortecer os efeitos da epidemia e os casos confirmados avançam no país, os Bancos Centrais seguem o movimento de afrouxamento monetário. O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou um corte surpresa de 0,50 ponto percentual (pp) da taxa de juros, após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e o Banco do Canadá também cortarem na mesma magnitude.
“Amanhã será a vez do Banco Central Europeu e na semana que vem, é o nosso Banco Central. A possibilidade de nova redução no juro por aqui é real. Já nos Estados Unidos, será interessante entender se o Fed está propenso a ser mais agressivo ou se o corte fora da agenda foi suficiente a princípio”, diz o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) mantêm uma direção indefinida, com os investidores divididos entre o comportamento do dólar, que pressiona os vértices mais longos, e as apostas em relação ao rumo da Selic na semana que vem, após os números da inflação oficial ao consumidor brasileiro (IPCA).
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 3,935%, de 3,90% após o ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,65%, de 4,52% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,41%, de 5,22% ao final da última sessão; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,24%, de 6,19%, na mesma comparação.