MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa passou a cair ainda mais intensamente após o pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, em coletiva realizada hoje. Moro deixou claro sua insatisfação com a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, um dos motivos para seu pedido de saída do governo.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 8% aos 73.292,15 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente de R$ 21,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava recuo de 8,32% aos 72.980 pontos.

“Essa queda se deve a saída do Moro. Mais que isso, Moro deu declarações que poderiam ser bem ruins para o presidente [Jair Bolsonaro]. Bolsonaro está fazendo mudanças no governo e pode sobrar para o Ministério da Economia. Não me surpreenderia com a saída do Gudes [Paulo, ministro da Economia]. Bolsa está caindo pouco perto de tudo que está acontecendo hoje”, explicou Gabriel Machado, analista da Necton.

Machado lembra ainda que não teria relutância do presidente em demitir Guedes, tamanha a importância de Moro no governo atual e mesmo assim Bolsonaro permitiu sua saída. “Vão vir vários pedidos de impeachment na Câmara para serem analisados. Presidente interferir na Polícia Federal é passível de impeachment”, acrescentou Machado.

Por fim, o especialista disse ainda que Bolsonaro está tentando “comprar” o “centrão” com cargos no governo para melhorar sua governabilidade. “Instabilidade política é muito ruim para o momento que estamos vivendo”, afirmou Machado, referindo-se a pandemia do novo coronavírus e o fechamento das economias.

O dólar comercial oscila fortemente frente ao real, renovando máximas sucessivas indo a R$ 5,71, após o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, pedir demissão do cargo se mostrando insatisfeito com o presidente Jair Bolsonaro ao exonerar hoje o ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e segundo Moro, sem o seu conhecimento.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 3,69%, sendo negociado a R$ 5,7270 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em maio de 2020 apresentava avanço de 3,44%, cotado a R$ 5,729.

Moro criticou Bolsonaro de querer trocar comando da PF e da superintendência por outros objetivos. Segundo o ministro, o presidente estaria pressionando pela mudança desde o segundo semestre do ano passado. “Falei o que não é aceitável são indicações políticas. O que vi durante esse período foi trabalho bem feito de Valeixo”, disse.

“Num dia de extremo nervosismo, o mercado especula se Bolsonaro não está tentando reorganizar em meio à crise e isso pode revelar ainda mais mal estar. A questão na mesa é a seguinte: o presidente Bolsonaro está sendo pressionado por todos os lados e para tentar recompor sua autoridade está tentando reconquistar o centrão”, avalia o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito.

“Já estamos em um momento de vulnerabilidade com saúde e economia, não era momento para uma crise institucional. O momento já é de incertezas e isso só intensifica esse movimento de aversão ao risco. Agora, é torcer para o que o ministro [da Economia] Paulo Guedes não saia. Dá para o cenário ficar ainda pior”, avalia a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, o mercado estava repercutindo mal a divulgação do plano “Pró-Brasil” sem a participação do ministro da Economia. “Com a saída do Moro, aumentou o desconforto do mercado”, afirma.

Perfeito reforça que o “efeito líquido” desses desdobramentos será maior pressão sobre o dólar, já que a posição de Bolsonaro se fragiliza e isso se traduzirá numa aversão ao risco. “O que resultará em alta da moeda”, acrescenta.

Na tentativa de conter a forte valorização da moeda antes da confirmação da demissão de Moro e consequentemente, de forte demanda por proteção, o BC realizou ao longo da manhã operação de swap cambial tradicional – equivalente à venda de dólares no mercado futuro, e venda de dólares no mercado à vista, somando pouco mais de US$ 1,5 bilhão. “No desespero, o investidor corre para proteção”, acrescenta o consultor de câmbio de uma corretora local.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) intensificaram o ritmo de colocação de prêmios, principalmente no trecho longo da curva a termo, em meio ao discurso do ministro da Justiça, Sergio Moro, que acabou pedindo demissão do cargo, após a crise envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e o comando da Polícia Federal. O movimento acompanhou a queda acelerada do Ibovespa e o avanço do dólar para além de R$ 5,65.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 3,415%, de 2,72% no ajuste anterior, na última segunda-feira; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,39%, de 3,37% após ajustes antes do feriado; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,67%, de 4,53%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 7,45%, de 6,26%, na mesma comparação.