Bolsa sobe com queda no número de mortes por covid-19 no exterior

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São Paulo – O Ibovespa encerrou a sessão de hoje em alta de 3,86% aos 78.238,60 pontos, em dia de melhora no otimismo externo devido a diminuição de mortes pelo novo coronavírus em Nova York e na Europa, atrelado a informações e expectativas pela gradual saída do isolamento social no cenário internacional.

“No Brasil, o Bolsonaro [Jair, presidente] mostrou apoio a Paulo Guedes [ministro da Economia]. Guedes confirmou que segue no fortalecimento e tem autonomia para buscar melhores saídas para o Brasil no pós-covid19”, afirmou Régis Chinchila, analista de investimentos da Terra Investimentos, que disse ainda que Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e o “centrão” estão se ajustando ao governo.

“Não dá para afastar hipóteses de impeachment, mas investidores retomaram as compras, com isso, mais esse assunto fica mais distante ao que parece”, acrescentou o especialista da Terra Investimentos.

Mais cedo, um gerente da mesa de operações de um grande banco afirmou que “hoje a agenda foi fraca e o mercado segue sem grandes novidades. É um dia de ajuste após a forte queda de sexta-feira. Nada muito além disso. Seguimos de olho nas empresas do setor de varejo que vêm performando bem porque conseguiram adequar bem seus negócios em meio ao fechamento da economia”, explicou.

Entre as maiores altas do Ibovespa, as ações ordinárias da ViaVarejo (VVAR3) subiram 18,96%, enquanto os papéis PNA da Braskem (BRKM5) avançaram 13,52% e as ações ordinárias da BRF (BRFS3) apresentaram alta de 10,24%. Por outro lado, a maior queda veio das ações ordinárias da Emmbraer (EMBR3), com recuo de 7,24%, enquanto a ação ordinária da Qualicorp (QUAL3), desvalorizou 2,45% e o papel ordinário da Hypera (HYPE3), retraiu 2,26%.

O dólar comercial fechou em alta de 0,12% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6680 para venda, engatando o quinto dia seguido de valorização e renovando máxima histórica pelo quartão pregão consecutivo.  Em dia de volatilidade, as atuações do Banco Central (BC) conseguiram segurar a moeda em meio à cautela local com as incertezas políticas.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que, apesar de um clima positivo no exterior com o maior apetite ao risco reagindo aos relaxamentos graduais das medidas de isolamento social em alguns países, em busca da retomada da economia global, o dólar andou descolado do cenário externo.

“Até abriu em queda refletindo um certo alívio com a permanência do ministro da Economia [Paulo Guedes], principalmente, após o presidente Jair Bolsonaro ressaltar que é o Guedes que decide na economia do Brasil”, ressalta.

Após duas intervenções do Banco Central durante a manhã, com operações de venda de dólares no mercado à vista e no futuro, o dólar passou a subir e intensificou os ganhos no fim da sessão renovando máximas a R$ 5,7250 – no segundo maior valor intraday.

“Em um movimento de investidores estrangeiros recompondo posições compradas em meio à piora da crise política e fiscal do país”, acrescenta Esquelbek. Na reta final dos negócios, o BC atuou novamente de forma mais agressiva com US$ 1,0 bilhão de dólares no mercado futuro após a moeda se aproximar do patamar de R$ 5,73.

Amanhã, a aposta é de dólar pressionado em meio à escalada da crise política com rumores de que o Supremo Tribunal Federal (STF) pode autorizar até amanhã uma investigação contra o presidente Bolsonaro após as denúncias do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. O diretor de câmbio do grupo Ourominas, Mauriciano Cavalcante, reforça que a semana deverá ser de dólar volátil e movimentos especulativos.

Cavalcante afirma que a expectativa também está voltada ao feriado na sexta-feira e para indicadores como o balanço orçamentário do país e a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre.

“Neste contexto, o dólar terá um certo ajuste dos preços. Eu acredito que o Banco Central deveria fazer leilão à vista com mais força para tentar pelo menos amenizar a especulação”, comenta.