São Paulo – Após a decisão da B3 de que todos os acionistas das companhias listadas no Nível 2 titulares de ações ordinárias e preferenciais, votem de forma equitativa em assembleias acerca desse tipo de assunto, a Eneva afirmou que estuda a possibilidade de formular nova proposta para combinação de negócios com AES Tietê.
A AES Tietê havia rejeito a “proposta hostil” feita pela Eneva, o qual levou o conselho de administração desta última decidiu por encerrar as tratativas em torno da proposta -, mesmo a tendo mantida de forma inalterada em meio aos impactados causados pela pandemia do novo coronavírus.
A inciativa se deu após o controlador da AES Tietê, AES Holding Brasil, ter indicado que ainda que a administração da empresa submeta à proposta para deliberação dos seus acionistas, não reconheceria o direto de voto dos acionistas titulares de ações preferenciais, alegando estar em descumprimento ao estatuto social da companhia e Nível 2 de Governança Corporativa da B3.
Diante disso, a Eneva entendeu que a operação não deveria seguir, nesse momento, em meio a um provável embate acerca dos direitos dos acionistas preferenciais da AES Tietê e os interesses do acionista controlador da companhia.
A AES Tietê explicou que a proposta foi rejeitada por entender que seus termos e condições são inadequados ao seu melhor interesse e do conjunto de seus acionistas, tendo em vista, principalmente, a incompatibilidade existente entre os negócios e as estratégias das empresas.
A geradora ressaltou que adota um planejamento estratégico pautado na criação de valor para os seus acionistas por meio do atendimento das necessidades e exigências de seus clientes, que buscam uma geração de energia limpa e renovável.
Por outro lado, a Eneva tem seu modelo de negócios centrado na geração, exploração e produção de hidrocarbonetos, com foco na geração térmica baseada em gás natural e carvão mineral.
Em relação ao valor financeiro proposto, a AES Tietê afirmou que a “proposta hostil” subavalia a companhia e entende que a proposta deveria ser significativamente superior.
No entanto, a AES Tietê encaminhou carta à Eneva afirmando que sua administração estaria à disposição para se reunir para identificar a possibilidade de aprimoramento e adequação da proposta de modo a atender os interesses do conjunto dos acionistas.
A operação proposta pela Eneva compreendia uma relação de troca de 0,0461 ações ordinárias para cada ação ordinária ou preferencial de emissão da AES Tietê ou de 0,2305 por unit, mais uma parcela em dinheiro de R$ 2,750 bilhões, o equivalente a R$ 1,38 por cada ação ordinária ou preferencial ou R$ 6,89 por unit.
Em meio ao imbróglio, a Eneva anunciou a compra de 2 milhões de units da AES Tietê, perfazendo 2 milhões de ações ordinárias e 8 milhões de ações preferenciais, pelo preço de R$ 16,94, o que representa 0,25% do total de ações ordinárias, 0,66% do total de ações preferenciais e 0,5% do capital social total da companhia.
As partes teriam até o dia 30 de abril para celebrar os documentos vinculantes para a combinação de negócios e apresentação aos acionistas para aprovação em assembleias gerais.