São Paulo – O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa brasileira, opera em queda superior a 2% desde a abertura do pregão. Operadores das mesas de renda variável afirmam que os negócios são pressionados pelas ações do Bradesco, que reagem em queda acelerada aos resultados trimestrais divulgados pela manhã.
Às 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 3,07%, aos 80.617,31 pontos. Neste horário, as ações ON e PN do Bradesco cediam mais de 5%, após o banco reportar queda de quase 40% no lucro líquido recorrente no primeiro trimestre deste ano. “Hoje tem também matéria no Valor falando de ativos problemáticos nos bancos”, comenta um profissional. “E isso está pegando no setor todo”, conclui. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 10,1 bilhões.
“Bradesco está antecipando algo que já era óbvio. O balanço do banco mostra o que nós já esperávamos. O Bradesco sempre foi um banco conservador e prefere pegar pelo conservadorismo. Na segunda-feira temos o balando do Itaú e devemos ver algo bem parecido com o Bradesco”, explicou José Costa, economista-chefe da Codepe Corretora.
Costa diz ainda que hoje é o último pregão do mês e que amanhã é feriado no Brasil, ou seja, os investidores não querem passar esses dias descobertos, então devem tomar um posicionamento mais conservador na sessão de hoje, fazendo o Ibovespa seguir em queda ao longo do dia.
O dólar comercial tem alta firme frente ao real, acima de R$ 5,40, exibindo a cautela de investidores antes do feriado prolongado aqui e em parte da Ásia e da Europa, além da volatilidade comum em dias de formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – de fim de mês. Indicadores econômicos ruins na zona do euro pesam sobre os mercados.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,47%, sendo negociado a R$ 5,4360 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em maio de 2020 apresentava avanço de 1,71%, cotado a R$ 5,427.
“Hoje temos um pacote com investidores não tomando posições antes do feriado, volatilidade antes da formação da Ptax e dólar sobe mais na esteira de notícias negativas vindas lá de fora com números ruins da economia de países da Europa”, comenta o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.
Na leitura preliminar, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro recuou 3,8% ante o quarto trimestre de 2019, enquanto os preços ao consumidor da região caíram 0,4% no mês na comparação anual. A taxa de desemprego, por sua vez, retraiu a 7,4% em março, de 7,3% em fevereiro, abaixo da expectativa dos mercados.
“Já o Banco Central Europeu [BCE] decidiu manter a taxa de juros nos atuais -0,50% e anunciou que pagará ainda mais para que os bancos tomem empréstimos, mantendo boa parte de sua munição restante reservada para atacar os efeitos da pandemia do novo coronavírus na região, além de não aumentar o plano de compra de ativos. Enquanto isso, a França está em recessão técnica, após registrar dois trimestres seguidos de contração da economia”, avalia o consultor.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) vivem uma sessão de realização de lucros, recompondo prêmios após a forte retirada vista nos últimos dias, especialmente nos vértices mais longos. O movimento acompanha os ajustes nos demais mercados domésticos antes do fim do mês e do feriado, amanhã.
“O feriado tira parte da liquidez dos mercados, que têm uma postura mais defensiva hoje, ainda mais com a reunião do Copom [Comitê de Política Monetária] se aproximando”, avalia, o operador de renda fixa da Renascença Corretora, Luís Felipe Laudísio.
Mesmo assim, o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, observa que abril vai chegando ao fim em tom mais positivo, após as fortes perdas registradas em março. “Ainda que repleto de percalços e elevada volatilidade, abril termina para os mercados como se espera o que ocorra na economia real. Ou seja, com uma forte recuperação, mesmo que permeada por uma série de dificuldades”, avalia.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,825%, de 2,835% após o ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,72%, de 3,68% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,87%, de 4,79%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,57%, de 6,44%, na mesma comparação.