Fitch afirma rating do Brasil em BB-, mas revisa perspectiva para negativa

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São Paulo – A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou a nota de crédito do Brasil em ‘BB-‘, mas revisou a perspectiva do rating para negativa, citando a deterioração o quadro econômico e fiscal do país, além dos riscos derivados das incertezas políticas – incluindo tensões entre o Executivo e o Congresso – e a duração e intensidade da pandemia do novo coronavírus.

“Esses fatores podem prejudicar a capacidade do governo de realizar um ajuste fiscal e implementar reformas econômicas após a pandemia e comprometer uma resposta considerável à política de emergência”, diz a Fitch em relatório.

Segundo a agência, o Brasil entrou no atual período de estresse com um balanço fiscal relativamente fraco e baixo crescimento econômico. “A pandemia e a recessão relacionada aumentarão ainda mais o endividamento público, corroendo a flexibilidade fiscal e aumentando a vulnerabilidade a choques”, afirma.

Para contrapor esses fatores negativos, a Fitch destaca a ampla e diversificada economia brasileira, a alta renda per capita em relação aos pares e a capacidade de absorver choques externos, sustentados pela taxa de câmbio flexível, desequilíbrios externos moderados, reservas internacionais robustas e um profundo mercado de dívida pública nacional.

Diante desse cenário, a agência espera que a economia brasileira encolha 4% em 2020, com riscos tendendo para o lado negativo. “As perspectivas econômicas se deterioraram acentuadamente devido aos crescentes desafios externos, incluindo a recessão global, a desaceleração significativa da China – principal parceiro comercial do país -, preços mais baixos das commodities e condições de financiamento externo mais rígidas”, afirma.

Além disso, Fitch lembra que a pandemia do novo coronavírus e as medidas de distanciamento social levarão a uma forte contração da atividade econômica doméstica e a maiores taxas de desemprego.

Para 2021, no entanto, deve haver uma recuperação. A agência projeta um crescimento de 3% no ano que vem, à medida que o Brasil se recupera da pandemia e responde ao conjunto de medidas fiscais e monetárias adotadas para evitar um colapso econômico mais profundo.

Na visão de Fitch, uma recuperação mais rápida em 2021 pode ser prejudicada pelas incertezas fiscais, políticas e de reforma no contexto do aumento do endividamento público.