Bolsa segue mercado externo e cai; dólar sobe e renova recorde

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São Paulo – O Ibovespa encerrou a sessão em queda de 0,51% aos 79.063,68, influenciado pelo cenário externo, onde as Bolsas norte-americanas também encerraram sem um rumo definido. O mercado ainda sentiu a mudança da perspectiva do rating do Brasil de estável para negativa anunciada na noite de ontem.

“Hoje valeu a correlação com o S&P500. Esses dias temos percebido uma correlação forte do Ibovespa com o S&P, com desempenhos bem parecidos”, explicou Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante Investimentos, que afirmou ainda que pela manhã o peso veio da mudança da perspectiva do rating do Brasil.

Outro fator destacado por Guimarães é baixa adesão da quarentena, elevando o número de mortes e deixando os investidores mais cautelosos. O afrouxamento do isolamento social em países da Europa também tem preocupado porque está ocorrendo um aumento no número de mortes. “Hoje foi uma queda leve. Investidores ainda esperam a decisão do Copom que sai na noite de hoje”, acrescentou o especialist.

Sobre as ações do dia, Guimarães chamou a atenção para os papéis das varejistas, com forte alta na sessão. “B2W, Magazine Luiza e Via Varejo subiram bem e chamaram atenção hoje”, disse. Para amanhã, o especialista lembra que tem divulgação dos resultados financeiro do Banco do Brasil antes da abertura do mercado “e isso pode mexer com a Bolsa”, afirmou.

Entre as ações, a ordinária da B2W Digital (BTOW3) encerrou com alta de 19,13%, seguido pelas ações ordinárias da Magazine Luiza (MGLU3), com avanço de 9,86% e as ações preferenciais da Lojas Americanas (LAME4), com ganho de 7,36%. Outro destaque positivo, as ações ordinárias da ViaVarejo (VVAR3), encerraram com alta de 3,20%.

O dólar comercial fechou em forte alta de 2,03% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7040 para venda, renovando a máxima histórica de fechamento e engatando a quarta alta consecutiva. A moeda operou valorizada por toda a sessão reagindo ao exterior negativo, enquanto aqui, investidores digeriram o rebaixamento da perspectiva da nota de crédito do Brasil, à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).

Ontem, a agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou a nota de crédito do país em ‘BB-‘, porém, revisou a perspectiva do rating para negativa, no qual citou a deterioração do quadro econômico e fiscal, além dos riscos derivados das incertezas políticas e a duração e intensidade da pandemia do novo coronavírus.

“O rebaixamento da perspectiva do rating brasileiro pela Fitch [ontem] para negativa ajudou a enfraquecer o real”, avalia a equipe econômica do banco Fator. Daqui a pouco, sai a decisão do Copom quanto a taxa básica de juros (Selic)

“A ansiedade do mercado antes do anúncio da [decisão de] política monetária pelo Copom, em meio à escalada de casos de coronavírus no país, gerou o ambiente necessário para o fortalecimento do dólar”, reforça o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescenta que o Copom gerou “uma certa cautela” porque ninguém “sabe ao certo” qual será a magnitude do corte da taxa de juros por conta dos últimos dados econômicos. “Mas uma coisa é sabida. O BC não deve fechar as portas para novos cortes e o mercado está alinhado para isso na taxa de câmbio”, comenta.

Amanhã, o mercado local deverá reagir à decisão e ao comunicado do Copom. “Teremos isso para entender. O pós-Copom”, diz a economista da Veedha. Além disso, tem os dados da balança comercial da China e o resultado do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da atividade de serviços em abril, que são “bem importantes” para avaliar os impactos da pandemia na economia chinesa e nos países que são parceiros comerciais da China, reforça a economista.

Porém, após quatro altas seguidas da moeda, a economista-chefe do banco Ourinvest, Fernanda Consorte, pondera que, a depender das notícias locais, a moeda pode ter espaço para recuperação.