Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) avalia a possibilidade de uma redução adicional na taxa básica de juros de até 0,7pp na próxima reunião a ser realizada nos dias 16 e 17 de junho.
“O Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19”.
A redução, entretanto, está condicionada ao cenário fiscal e a conjuntura econômica. “No entanto, o Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos”.
Dois membros do Comitê sugeriram oferecer todo o estímulo necessário neste momento de pandemia, mesmo com a possibilidade de elevação da taxa de juros estrutural. “Poderia ser oportuno prover todo o estímulo necessário de imediato, em conjunto com a sinalização de manutenção da taxa básica de juros pelos próximos meses, de modo a reduzir os riscos de não cumprimento da meta para a inflação de 2021”.
O Comitê avaliou ainda que é preciso preservar o processo de reformas e ajustes na economia para permitir a recuperação sustentável e que questionamento sobre a continuidade das reformas poderiam elevar a taxa de juros estrutural.
“O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”.
EXPECTATIVA INFLAÇÃO
A expectativa de inflação medida pelo Copom diminuiu nos dois cenários usados pelo grupo, mesmo diante de um aumento na taxa de câmbio usada para as estimativas.
A previsão de inflação para 2020 no cenário com juros e taxa de câmbio constantes em 3,75% ao ano e R$ 5,55 por dólar caiu de 3,0% para 2,3%, enquanto a estimativa para 2021 caiu de 3,6% para 3,2%, No comunicado anterior, as premissas eram de juros a 4,25% e dólar a R$ 4,75.
No cenário híbrido, com a previsão para a Selic extraída de levantamentos feitos com o mercado e taxa de câmbio constante em R$ 5,55, a previsão para a inflação de 2020 recuou de 3,0% para 2,4% e a estimativa para 2021 diminuiu de 3,6% para 3,4%. A estimativa anterior baseava-se na Selic retirada da Focus e numa taxa de câmbio de R$ 4,75.
O comitê pontuou ainda que em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.
“Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado. Esse risco se intensifica caso a pandemia provoque aumentos de incerteza e de poupança precaucional e, consequentemente, uma redução da demanda agregada com magnitude ou duração ainda maiores do que as estimadas.”
“Por outro lado, políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco e gerar uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, acrescentou.