São Paulo – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, caiu 0,31% em abril, desacelerando-se em relação à alta apurada em março (+0,07%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da menor variação mensal para o IPCA desde agosto de 1998.
O resultado ficou abaixo da previsão, de queda de 0,22%, conforme a mediana projetada pelo Termômetro CMA. Com isso, o IPCA acumula altas de 0,22% nos quatro primeiros meses deste ano e de 2,40% nos últimos 12 meses até abril, ficando abaixo do piso inferior do intervalo de tolerância perseguido pelo Banco Central (BC), de 2,50%. O resultado acumulado em 12 meses até o mês passado também ficou abaixo da mediana projetada, de +2,47%, ainda conforme o Termômetro CMA.
Na passagem de março para abril, seis dos nove grupos pesquisado apresentaram deflação. O destaque ficou com Transportes, que caiu 2,66%, representando a maior contribuição negativa no resultado do IPCA no mês, com alívio de 0,54 ponto percentual (pp), seguido de Artigos de residência (-1,37%; -0,05 pp). Na outra ponta, Alimentação e bebidas avançou 1,79%, representando o maior impacto no indicador, com +0,35 pp.
A queda dos Transportes foi puxada pela queda no preço dos combustíveis (-9,59%), com redução da gasolina em 16 regiões pesquisadas, com Curitiba (-13,92%) liderando a retração. Os preços do etanol e do óleo diesel recuaram 13,51% e 6,09%, respectivamente, em abril. Em contrapartida, as passagens aéreas subiram 15,10%, após três meses seguidos de queda.
Na outra ponta, a alta dos alimentos e bebidas foi puxada por alimentação em domicílio que passou de alta de 1,40% em março para 2,24% no mês passado, com destaque para os itens cebola (+34,83%), batata-inglesa (+22,81%) e feijão-carioca (+17,29%). A alimentação fora do domicílio, por sua vez, subiu 0,76% em abril influenciada pela alta do lanche (+3,07%). Entre as regiões, o menor índice foi registrado em Curitiba (-1,16%), enquanto o maior ficou com o Rio de Janeiro (+0,18%). Em São Paulo, o IPCA ficou em -0,37%.
O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, ressalta que o resultado de abril foi fortemente influenciado por dois anúncios de redução no preço da gasolina durante o período de coleta, entre o fim de março e meados de abril. Em relação a alta nos alimentos, ele destaca que há uma “relação restrita de oferta”, comum nos primeiros meses do ano, enquanto a demanda aumentou em meio à pandemia do novo coronavírus. “Com as pessoas indo mais ao mercado, cozinhando mais em casa”, diz.
O IBGE lembra que, em virtude da pandemia de coronavírus, a coleta presencial de preço foi suspensa desde 18 de março. A partir desta data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas em sites de internet, telefone ou e-mail. Para cálculo do índice do mês passado, foram comparados os preços coletados no período de 31 de março a 29 de abril de 2020 (referência) com os preços vigentes no período de 3 a 30 de março deste ano (base).