São Paulo – O prejuízo líquido da Petrobras somou R$ 48,523 bilhões no primeiro trimestre, após lucro de R$ 4,031 bilhões no mesmo período do ano anterior. A receita líquida da companhia aumentou 6,5%, para R$ 75,469 bilhões.
A maior parte da perda registrada pela Petrobras decorre da redução no valor dos ativos da empresa, provocadas por dois eventos relevantes ocorridos no primeiro trimestre – a pandemia do novo coronavírus, que reduziu a circulação de pessoas e, com isso, a oferta e a demanda por petróleo, e o fracasso nas negociações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e demais produtores fixar uma cota de produção.
“Esses eventos levaram a companhia a adotar uma série de medidas visando à preservação da geração de caixa, a fim de reforçar sua solidez financeira e resiliência dos seus negócios, bem como a revisar, e aprovar em sua diretoria executiva, algumas de suas premissas-chave de seu Planejamento Estratégico, tais como preço do Brent, taxa de câmbio, dentre outras, sendo a mais relevante a projeção do Brent”, disse a Petrobras.
Agora, em vez de esperar um preço de US$ 65 por barril para o petróleo tipo Brent, que serve como referência para o valor da commodity no mercado internacional, a Petrobras prevê que o valor do barril será de US$ 25 este ano e aumente e US$ 5 por ano até 2024, atingindo depois disso uma média de longo prazo de US$ 50.
A Petrobras disse que reavaliou a recuperabilidade econômica de seus ativos com base nestas premissas e que reconheceu um total de R$ 65,3 bilhões em perdas por desvalorização. A maior parte delas (R$ 57,6 bilhões) ocorreu sobre o valor de diversos campos de produção, principalmente em Roncador, Marlim Sul, Polo Norte, Albacora Leste, Polo Berbigão-Sururu, Polo CVIT e Mexilhão.
Também houve uma redução de R$ 6,6 bilhões no valor recuperável de ativos referente à hibernação de campos e plataformas em águas rasas afetando os Polos Norte, Ceará-Mar e Ubarana e os campos de Caioba, Guaricema e Camorim. Neste caso, o impairment corresponde a 100% no valor de livro desses ativos, que tinham produção média de 23 milhões de barris por dia.
O prejuízo líquido recorrente, que desconta dos resultados eventos com efeitos temporários ou extraordinários – como o impairment anunciado pela empresa -, somou R$ 4,637 bilhões no primeiro trimestre, após lucro de R$ 5,113 bilhões no mesmo período do ano anterior. O ebitda ajustado cresceu 36,4%, para R$ 37,504 bilhões.
O ebitda ajustado leva em consideração o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, participações em investimentos, reduções no valor recuperável de ativos (impairment), o resultado com alienação e baixa de ativos e remensuração nas participações societárias.
Na área de exploração e produção, principal ramo de negócio da Petrobras, o prejuízo líquido do primeiro trimestre atingiu R$ 30,205 bilhões, após lucro de R$ 10,138 bilhões no mesmo período do ano anterior.
No segmento de refino, o prejuízo somou R$ 3,397 bilhões, após lucro de R$ 1,905 bilhão no mesmo período do ano anterior, enquanto no de gás e energia o lucro subiu 0,2%, para R$ 937,0 milhões.
A dívida líquida da companhia diminuiu 23,4% no primeiro trimestre, para R$ 73,131 bilhões. Com isso, passou a ser equivalente a 2,73 vezes a soma do ebitda ajustado da Petrobras nos últimos 12 meses. A meta era reduzir o índice para 1,5 vez em 2020.
A Petrobras também reportou que no primeiro trimestre o custo de extração de petróleo no Brasil sem levar em consideração pagamentos relacionados à participação do governo – como royalties – caiu 28,1%, para US$ 7,51 por barril de petróleo equivalente (boe).
Considerando a participação do governo, houve queda de 36,3%, para US$ 14,47 por boe.
O custo de extração do petróleo no pré-sal, de onde vem a maior parte da produção da empresa, diminuiu 33,4%, para US$ 4,52 por boe. Este número não leva em consideração a participação do governo.
Ao longo do primeiro trimestre, o preço médio de venda do petróleo tipo Brent no mercado internacional foi de US$ 50,26 por barril, o que representa queda de 20,5% em relação a um ano antes. O preço de venda do petróleo da Petrobras no Brasil, na mesma base de comparação, caiu 15,4%, para US$ 49,96 por barril.