Tentei trocar segurança da família no Rio e não consegui, diz Bolsonaro em vídeo liberado pela justiça

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São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro disse que enfrentou dificuldades para fazer trocas na equipe que faz a segurança da sua família no Rio de Janeiro por meios oficiais e disse que, se isso continuasse, demitiria pessoas em postos cada vez mais altos até chegar na esfera dos ministros, segundo a transcrição de um vídeo de uma reunião ministerial ocorrida em abril.

O registro da reunião foi mencionado pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como evidência de que Bolsonaro teria feito pressão para fazer interferências políticas na Polícia Federal em benefício de sua família.

O presidente começa falando a respeito de como obtém informações importantes para o governo, e cita que o seu sistema particular de coleta de informações é mais eficaz que o oficial.

“O meu particular funciona. Os que tem oficialmente, desinforma. E voltando ao tema: prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho. Então, pessoal, muitos vão poder sair do Brasil, mas não quero sair e ver a minha a irmã de Eldorado, outra de Cajati, o coitado do meu irmão capitão do Exército lá de Miracatu se foder, porra! Como é perseguido o tempo todo”, disse ele.

“Aí a bosta da Folha de São Paulo diz que meu irmão foi expulso dum açougue em Registro, que tava comprando carne sem máscara. Comprovou no papel, tava em São Paulo esse dia. O dono do açougue falou que ele não tava lá. E fica por isso mesmo. Eu sei que é problema dele, né? Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família”, acrescentou.

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira”, afirmou o presidente.

A segurança do presidente é feita por pessoas das Forças Armadas e de órgãos de segurança pública, como a Polícia Federal, as polícias militares e civil. O comentário de Bolsonaro, portanto, poderia ser dirigido tanto a Augusto Heleno, ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, quanto a Moro, que era ministro da Justiça à época e portanto tinha a Polícia Federal sob sua responsabilidade.