São Paulo – O Ibovespa segue acelerando ganhos acompanhando o exterior em meio a reaberturas de economias e com investidores mostrando um sentimento de alívio após a divulgação do vídeo da reunião ministerial do governo, dando continuidade ao movimento do índice futuro na última sexta-feira.
Entre as ações, as do Banco do Brasil e as da Petrobras estão entre as que mais puxam índice. No entanto, o feriado nos Estados Unidos mantém as Bolsas fechadas no país e pode reduzir a liquidez ao longo do pregão.
Com a valorização vista neste momento, superando os 85 mil pontos, o índice mostra a maior alta intraday desde 11 de março (92.202,15 pontos), véspera da dramática quinta-feira (12 de março), que contou com dois circuit breakers em função do temor em função do novo coronavírus.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 3,75%, aos 85.257,36 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 10,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava avanço de 1,22%, aos 85.365 pontos.
“O dia tende a ser de menor liquidez com o feriado nos Estados Unidos, mas, na Europa, as Bolsas estão subindo. Durante o final de semana, a imprensa reportou a Europa reabrindo seus mercados e as pessoas voltando às ruas, e isso trouxe um clima de otimismo, apesar da tensão entre China e Estados Unidos”, disse o sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara.
A volta de atividades em diversos países e notícias positivas sobre vacinas contra o coronavírus seguem dando sustentação aos mercados acionários, que ignoram, por enquanto, a tensão sino-americana. Na sexta-feira, Pequim anunciou ter intenções de aplicar novas leis de segurança sobre Hong Kong, o que levou a uma reação da população e aumento da escalada da tensão com os Estados Unidos.
Já na cena doméstica, o foco segue na repercussão do vídeo da reunião ministerial, indicado pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que Jair Bolsonaro interferiu na Polícia Federal (PF). Para os analistas da Commcor Corretora, houve “um sentimento de alívio pela leitura de que um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro estaria descartado” com a divulgação da reunião, que não teria trazido uma “bomba”, embora tenha exposto ministros e o modo de governar de Bolsonaro.
Já Miziara, destaca que o discurso agressivo de Bolsonaro no vídeo deve seguir mantendo seu apoio junto ao seu eleitorado e aliados de extrema direita. Além disso, o sócio da Criteria lembra que na sexta-feira o Ibovespa futuro já fechou em alta refletindo a divulgação do vídeo, ao contrário do Ibovespa, que caiu 1% e, agora, se ajusta.
O índice ainda é impulsionado por ações de bancos, com destaque para as do Banco do Brasil que estão entre as maiores altas do Ibovespa e disparam refletindo as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse durante a reunião que o banco está pronto para ser privatizado, Guedes defende que apenas a Caixa Econômica e o BNDES são suficientes como bancos públicos.
Ainda entre as maiores altas do Ibovespa estão as ações do setor de educação, como as Cogna e da Yduqs, que refletem uma decisão do Ministério da Educação de que sejam suspensas parcelas dos contratos de financiamentos estudantis concedidos com recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) durante o estado de calamidade pública. O período de suspensão varia de acordo com a fase do financiamento e a medida não será válida para os que estavam inadimplentes antes da declaração de
O dólar comercial ampliou as perdas frente ao real e cai ao redor de 2%, a R$ 5,45, em dia mais positivo no mercado doméstico após investidores digerirem o tão aguardado vídeo da reunião do presidente Jair Bolsonaro e ministros em abril e afastarem a possibilidade de um processo de impeachment contra o presidente, reduzindo os riscos políticos. Em meio à liquidez reduzida com os feriados nos Estados Unidos e no Reino Unido, o Banco Central (BC) atuou no mercado cambial.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 1,86%, sendo negociado a R$ 5,4710 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em junho de 2020 apresentava retração de 1,25%, cotado a R$ 5,471.
O BC ofertou US$ 2,0 bilhões em leilão de venda de dólar com compromisso de recompra, conhecido como leilão de linha. “Sabedora que o dia reserva pouca liquidez diante dos feriados no exterior, a autoridade monetária decidiu realizar o leilão de linha”, comenta o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.
Sobre o vídeo da reunião ministerial de 22 abril, o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, comenta que traz “um certo alívio”, embora longe de eliminar os riscos políticos. “Mas afasta o risco imediato de um impeachment ou uma abertura de inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro, o que reflete em ajuste positivo”, avalia.
“Não quer dizer que não haja no vídeo material explosivo, só quer dizer que não há nada novo e mantém a temperatura [no cenário político] elevada”, acrescenta o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) intensificaram o ritmo de queda, acompanhando o recuo mais acentuado do dólar, que cai mais de 2%, flertando a faixa de R$ 5,45. O movimento dos mercados domésticos – o Ibovespa sobe 3,5% – reflete o alívio dos investidores com o conteúdo da reunião ministerial de 22 de abril, que afasta o temor de um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,405%, de 2,495% no ajuste anterior, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,25%, de 3,44% após na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,35%, de 4,61%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,14%, de 6,44%, na mesma comparação.