Investigação aponta indícios de que há “gabinete do ódio”, diz Moraes

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São Paulo – As investigações conduzidas sob o inquérito que apura a divulgação de notícias falsas sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) e ameaças contra os membros da corte “apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares como ‘Gabinete do Ódio'”, disse o ministro Alexandre de Moraes.

As afirmações foram feitas na decisão que autorizou a Polícia Federal a cumprir mandados hoje contra várias pessoas que defendem o presidente Jair Bolsonaro publicamente em redes sociais, entre eles Allan dos Santos, jornalista do site Terça Livre, e Luciano Hang, dono da Havan.

Eles e outros alvos da operação terão, por decisão de Moraes, as contas em redes sociais bloqueadas e serão ouvidos pela Polícia Federal em até 10 dias.

O ministro também determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal de Hang e de outras três pessoas – Edgard Corona, fundador da Bio Ritmo e da Smart Fit, Reynaldo Bianchi Junior e o militar da reserva Winston Rodrigues Lima.

Além disso, Moraes também ordenou que fossem ouvidos os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Junio Amaral (PSL-MG) e Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PSL-SP), e dos deputados estaduais de São Paulo Douglas Garcia (PSL) e Gil Diniz (PSL).

Segundo Moraes, o gabinete seria um grupo dedicado à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às instituições, dentre elas o STF, “com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”.

O ministro disse que as postagens são “inúmeras e reiteradas quase que diariamente” e que “indícios que essas postagens sejam disseminadas por intermédio de robôs para que atinjam números expressivos de leitores”, e que a estrutura estaria sendo financiada por um grupo de empresários – entre eles Hang e Corona.

“Há informações de que os empresários aqui investigados integrariam um grupo autodenominado de ‘Brasil 200 Empresarial’, em que os participantes colaboram entre si para impulsionar vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes”, disse Moraes.

O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, foi consultado sobre o assunto e defendeu que fossem solicitadas às empresas envolvidas dados referentes às postagens investigadas, além de acesso a dados cadastrais de alguns perfis em redes sociais e a oitiva dos investigados.