MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa acelerou a queda no final da manhã com investidores embolsando lucros depois da alta de ontem em meio a maior cautela com a cena política local, com destaque para o conflito entre o governo de Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, o índice se descola dos mercados acionários no exterior, que mantém um tom positivo com reabertura de economias e após indicadores não trazerem grandes surpresas negativas.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,31% aos 87.672,58 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 11,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava recuo de 0,21%, aos 87.825 pontos.

“Toda vez que ocorre uma forte alta vem uma correção e tivemos um andamento dos mesmo temas de ontem na cena política. O estilo do governo é esse, de conflito”, avaliou o analista de investimentos do banco Daycoval, Enrico Cozzolino.

A operação da Polícia Federal (PF) deflagrada ontem – que investiga um esquema de divulgação de “fake news” e teve como alvo bolsonaristas declarados, entre eles Roberto Jefferson, o empresário Luciano Hang e a deputada federal Carla Zambelli – provocou fortes reações do governo e do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que a liberdade de expressão foi atacada pelo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que ordenou os mandados de busca e apreensão.

Moraes também ordenou que a PF colha o depoimento do ministro da Educação, Abraham Weintraub, contendo explicações sobre as declarações feitas por ele na reunião ministerial de 22 de abril. Na ocasião, ele disse ser a favor de botar “esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”. No entanto, o governo tenta impedir o depoimento.

Já no exterior, as Bolsas operam em alta após indicadores norte-americanos como o PIB e os pedidos de seguro-desemprego não terem surpreendido negativamente, e com a reabertura de economias e estímulos econômicos ainda dando sustentação aos mercados. No entanto, segue no radar a tensão entre Estados Unidos e China, após Pequim aprovar uma nova lei de segurança para Hong Kong.

O dólar comercial tem alta firme frente ao real e sobe mais de 1%, ao redor de R$ 5,35, em movimento de correção local após uma sequência de baixas significativas, mas descolado do exterior. Enquanto lá fora, a moeda estrangeira perde terreno em meio aos dados negativos da economia dos Estados Unidos, aqui, o investidor volta a montar posições e dar atenção ao cenário político.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,98%, sendo negociado a R$ 5,3340 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em junho de 2020 apresentava avanço de 1,08%, cotado a R$ 5,333.

“Está havendo uma recomposição de posições após forte recuo nos últimos dias. É uma correção local após a moeda ficar barata”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.

Rugik avalia que nos últimos dias, houve um “desprezo” do cenário político e econômico diante de indicadores ruins por aqui. “O ruído político entre o presidente Jair Bolsonaro com o STF [Supremo Tribunal Federal] volta a trazer um grau de instabilidade. A impressão é de que o dólar está indo para o caminho que o investidor quer, com cada defendendo o seu interesse, sem seguir fundamentos”, ressalta.

Mais cedo, Bolsonaro disse que o “limite” para a tolerância a decisões de outros Poderes “acabou”, e que ontem foi “o último dia” em que aceitou eventos que considera um desrespeito à liberdade e ao Poder Executivo, se referindo a uma operação feita pela Polícia Federal (PF) a mando do ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Moraes explicou que as investigações conduzidas sob o inquérito que apura a divulgação de notícias falsas sobre a corte e seus membros “apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares como ‘Gabinete do Ódio'”.

Diante disso, ele acrescenta que a moeda local opera descolada do movimento externo, onde a moeda estrangeira perde valor e divisas de países emergentes se valorizam após dados ruins do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no primeiro trimestre. A economia do país retraiu 5,0%, segundo dados da segunda leitura do PIB, ante expectativa de queda de 4,8%.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) oscilam entre margens estreitas, sem um viés definido, monitorando a valorização do dólar, que já retoma a faixa de R$ 5,30, e reagindo ao leilão de títulos públicos, realizado pelo Tesouro. Como pano de fundo, estão os riscos políticos vindos de Brasília, que se avolumam.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,36%, de 2,390% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,20%, de 3,22% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,26%, de 4,29% do ajuste da véspera; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,96%, de 5,98%, na mesma comparação.