São Paulo – Após abrir em queda mostrando cautela com protestos antirracistas nos Estados Unidos, o Ibovespa passou a subir acompanhando a melhora das Bolsas norte-americanas e das ações de bancos. No entanto, a cena política segue no radar.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 1,48%, aos 88.697,60 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 11,6 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava valorização de 1,38%, aos 88.815 pontos.
“Os índices futuros norte-americanos estavam em queda respondendo aos protestos que estão ocorrendo em todo os estados do país, mas depois os mercadores deram uma respirada”, disse o sócio-analista da Eleven Financial Research, Raphael Figueredo, em vídeo a clientes. Para ele, o tom neutro da fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última sexta-feira sobre a China, segue prevalecendo nas Bolsas, ajudando na melhora do humor.
Além disso, indicadores de atividade no país não têm vindo tão negativos quanto o esperado e fazem investidores apostarem em uma recuperação maior, também com reabertura de economias.
Porém, o mercado deve seguir monitorando com cautela a cena política tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Nos Estados Unidos, os protestos foram motivados pela morte de George Floyd por policiais brancos em Minneapolis e se espalham pelo país, chegando até Washington, com manifestantes em frente à Casa Branca ontem. Há críticas também a Trump e receio de que as turbulências aumentem em meio à pandemia do novo coronavírus.
No Brasil, o domingo também foi marcado por protestos, com torcidas organizadas a favor da democracia na cidade de São Paulo. Os manifestantes chegaram a entrar em confronto com bolsonaristas. Já a investigação contra “fake news”, que atingiu bolsonaristas, ainda segue gerando reações do governo e no Congresso.
Entre as ações, as de bancos ajudam a manter o índice no campo positivo. Segundo analistas da XP Investimentos, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou na última sexta-feira que considera difícil qualquer tipo de aumento na carga tributária para bancos para compensar a queda de receita pública por causa da pandemia de covid-19, o que ajuda ações do setor, com as do Santander.
Desde a abertura dos negócios, o dólar comercial opera com forte volatilidade na primeira sessão de junho e tem viés de alta frente ao real acompanhando o exterior que monitora a escalada das tensões entre os Estados Unidos e China, enquanto aqui, investidores têm a política no radar.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,73%, sendo negociado a R$ 5,3760 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2020 apresentava avanço de 0,72%, cotado a R$ 5,382.
“A semana começa tensa tanto no exterior quanto no Brasil. No cenário externo, os olhos estão voltados para a turbulência dos protestos nos Estados Unidos e para o retorno das tensões entre norte-americanos e chineses, sendo que a tendência é que a relação fique mais acirrada com a aproximação das eleições nos Estados Unidos”, diz o diretor de câmbio do grupo Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
As tensões podem aumentar após rumores de que a China não irá mais comprar volumes de soja e carnes acordados com os norte-americanos. “O que se for confirmado, pode favorecer o Brasil”, diz o analista da corretora Mirae Asset, Pedro Galdi.
Cavalcante acrescenta que, no mercado doméstico, as tensões relacionadas às manifestações do fim de semana e a crise entre os poderes executivo e judiciário, a cada dia mais intensa, leva desconfiança aos investidores, principalmente, o investidor externo. “A tendência é de muita volatilidade no dólar”, comenta.
As taxas dos contratos de juros futuros seguem oscilando entre margens estreitas, sem um viés definido. O trecho mais longo da curva a termo ensaia uma tímida devolução de prêmios, na contramão do sinal positivo exibido pelo dólar, enquanto os vértices mais curtos estão de lado. Os investidores digerem a onda de protestos violentos no Brasil e nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que calibram as expectativas sobre a Selic.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,31%, de 2,290% no ajuste anterior, na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,15%, de 3,13% do ajuste ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,222%, de 4,22%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,95%, de 5,96%, na mesma comparação.