São Paulo – Notícias positivas sobre vacinas que estão sendo testadas contra o coronavírus e a possibilidade de novos pacotes de estímulo econômico na Europa e nos Estados Unidos impulsionaram o Ibovespa nesta segunda-feira, que subiu 1,49%, para 104.426,37 pontos. Trata-se do maior patamar de fechamento desde o dia 4 de março (107.224,22 pontos), quando os mercados começaram a sentir os estragos causados pela pandemia.
O volume total negociado foi de R$ 39,2 bilhões, incluindo cerca de R$ 12 bilhões do exercício de opções sobre ações.
Segundo o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira, o principal motivo para a alta do índice são os anúncios sobre avanços em testes das esperadas vacinas, o que ajuda a ofuscar o aumento de casos de covid-19 em países como os Estados Unidos. “Agora à tarde, também foi feita uma nova proposta para o plano de recuperação da União Europeia que pode ser aceito”, disse ainda o economista-chefe.
Na manhã de hoje, a farmacêutica AstraZeneca anunciou que resultados liderados pela Universidade de Oxford mostraram que sua vacina em estudo gerou “respostas imunes robustas”. A primeira de duas fases do estudo inclui 1.077 participantes adultos no Reino Unido, Brasil e África do Sul. Além disso, a norte-americana Pfizer e alemã BioNtech também anunciaram avanços em testes realizados na Alemanha com a sua vacina, testada em 60 adultos na primeira de duas fases.
Já sobre o pacote europeu, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vai apresentar uma nova proposta e disse estar confiante sobre um acordo. O plano de recuperação do bloco será de mais de 1 trilhão de euros.
Nos Estados Unidos, por sua vez, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, disse que a nova rodada de estímulos que está sendo negociada com líderes do Congresso para a conter a crise causada pela pandemia deve envolver US$ 1 trilhão e terá como foco crianças, empregos e vacinas. Além disso, o presidente Donald Trump se mostrou otimista sobre vacinas e afirmou que em breve deve anunciar avanços no combate à doença.
No Brasil, por sua vez, a discussão sobre a reforma tributária segue ganhando espaço e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse nesta tarde que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, anunciará amanhã quando será iniciada a comissão mista que debaterá sobre as propostas de reforma presentes em ambas as casas. Também é esperado que o governo envie ao Congresso a sua proposta inicial amanhã.
Entre as ações, as do setor de telecomunicações, TIM (TIMP3 6,38%) e Telefônica Brasil (VIVT4 6,01%) ficaram entre as maiores altas do Ibovespa após a proposta conjunta feita pela TIM, Telefônica Brasil (Vivo) e Claro para comprar a operação móvel da Oi. Ainda entre as maiores altas, ficaram os papéis de varejistas como Via Varejo (VVAR3 7,40%) e Magazine Luiza (MGLU3 6,03%), com investidores otimistas com os papéis.
Na contramão, as maiores quedas do índice foram da Sabesp (SBSP3 -2,16%), da Eletrobras (ELET3 -1,53%; ELET6 -1,32%) e do Fleury (FLRY3 -1,42%).
Amanhã, a agenda de indicadores será esvaziada, com destaque para a entrega da proposta da reforma da Previdência do Planalto pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no Congresso. “Vamos ver o que ele vai entregar, deve vir a unificação de impostos como PIS e Cofins, mas vamos ter que ver outros pontos, como o imposto sobre operações de comércio eletrônico, que deve ficar para depois. Mas não colocaria muita fé na reforma agora”, disse Bandeira, prevendo ainda muitas discussões entre os parlamentares.
No entanto, o economista segue otimista em relação ao Ibovespa caso o cenário externo permaneça mais favorável, com o índice podendo buscar os 108 mil pontos no curto prazo.
O dólar comercial fechou em queda de 0,79% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3420 para venda, em mais uma sessão de volatilidade e amplitude, refletindo o otimismo global em meio às expectativas com as notícias sobre a evolução de novas vacinas e tratamento contra o novo coronavírus anunciadas hoje.
O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, ressalta que a sessão de “giro fraco e pouca liquidez” acompanhou o exterior com os investidores monitorando as notícias sobre a evolução de novas vacinas contra a covid-19.
“Na primeira parte dos negócios, a moeda transitou pelas casas de R$ 5,36 e R$ 5,37, com poucas oscilações, mas à tarde caiu com o movimento externo, onde a moeda perdeu força com investidores em busca de risco em comemoração aos sinais animadores proporcionado por testes clínicos positivos de vacinas”, comenta.
Hoje, a empresa britânica de descoberta e desenvolvimento de medicamentos respiratórios Synairgen relatou avanços em um tratamento para o novo coronavírus a partir de um estudo clínico com pacientes hospitalizados, diz a companhia em comunicado. O estudo mostrou que pacientes que receberam o tratamento, uma formulação integral inalada de interferon beta, tiveram um risco 79% menor de desenvolver doença grave e tiveram duas vezes mais chances de se recuperar da covid-19 do que aqueles que receberam placebo.
Já a farmacêutica AstraZeneca anunciou que resultados interinos de estudos em andamento liderados pela Universidade de Oxford mostraram que um candidato a vacina gerou “respostas imunes robustas” contra o novo coronavírus.
Amanhã, com a agenda de indicadores esvaziada, a analista da Toro Investimentos, Paloma Brum, reforça que as notícias a respeito de resultados positivos em testes de vacinas e medicamentos contra o vírus podem continuar repercutindo no mercado, apesar de não descartar um viés de correção após a moeda renovar mínimas sequenciais ao longo do pregão a R$ 5,33.
Ela acrescenta que aqui, investidores ficarão atentos a possível ida do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao Congresso para apresentar a reforma tributária. “É uma sinalização positiva já que as pautas das agendas não andaram neste ano em razão da pandemia. Já traz algum alívio caso a proposta seja apresentada amanhã ou nos próximos dias”, diz.