São Paulo – A previsão de contração de 6,4% na economia neste ano feita pelo Banco Central é pessimista e a perspectiva é de que nos próximos meses as medidas tomadas para conter a crise do coronavírus em âmbito financeiro exerçam “efeito forte” nos próximos meses, reiterou o presidente da instituição, Roberto Campos Neto.
“Uma das coisas determinando se o ângulo [de recuperação] em V é mais inclinado ou mais suave é o crescimento de crédito. A gente tem feito grande esforço para que canal de crédito siga funcionando”, disse ele durante videoconferência promovida pelo jornal Valor Econômico.
Ele repetiu que o elemento de maior incerteza nas projeções econômicas é o desempenho da atividade no segundo trimestre, porque é ele quem deve ditar o comportamento provável da economia até o final deste ano. Campos Neto também voltou a dizer que enxerga sinais de uma recuperação em “V” no Brasil, mas que a tendência é que esse retorno a níveis anteriores à crise seja suavizado com o decorrer do tempo.
“Tinha projeção central do segundo trimestre onde tinha maior elemento de incerteza, e por isso era importante sedimentar o que entendíamos que seria crescimento do segundo trimestre. O terceiro trimestre vai ter menos incerteza, o quarto trimestre menos ainda”, afirmou.
O presidente do BC também apontou que é preciso compreender também o efeito do auxílio emergencial sobre a economia, porque este programa ajudou a recompor quase inteiramente a renda em termos gerais. “Estamos falando de recomposição de 90% a 100%, enquanto em países emergentes foi de 40%.”
Ele também apontou que, para uma parcela das pessoas que receberam o auxílio emergencial, a recomposição foi ainda maior, e exemplificou com o caso daqueles que recebiam Bolsa Família – ou aproximadamente R$ 200 por mês e que, com o auxílio emergencial, dentro de determinadas estruturas familiares, passaram a receber R$ 1.200.
“Temos alguma convicção que tem ainda consumo represado e que teremos nos próximos meses efeito forte das medidas tomadas”, afirmou.