São Paulo – Após encerrar a semana passada em queda, o Ibovespa buscou uma recuperação e fechou em alta de 2,04%, aos 104.477,08 pontos, amparado por fortes ganhos das ações de bancos, siderúrgicas e da Vale, em meio a expectativas por seus balanços do segundo trimestre. O tom favorável de Bolsas nos Estados Unidos também ajudou, com investidores esperando que republicanos apresentem um novo pacote de estímulo econômico. O volume total negociado foi de R$ 28,4 bilhões.
Ações como as do Itaú Unibanco (ITUB4 4,91%), do Bradesco (BBDC4 4,54%) e da Itaúsa (ITSA4 5,64%) aceleraram ao longo do pregão e fecharam entre as maiores altas do Ibovespa. Mesmo os papéis do Banco do Brasil (BBAS3 2,79%), que chegaram a cair de manhã refletindo a renúncia do presidente do banco, Rubem Novaes, passaram a subir com mais força. Há expectativa de um novo presidente possa ser escolhido ainda hoje.
“Já temos alguns resultados de bancos esta semana, caso do Bradesco, e eles ficaram para trás se compararmos com o desempenho do Ibovespa, há a leitura de que as ações do setor estão baratas. Agora, vamos precisar ver os resultados e se as expectativas vão se sustentar”, disse o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado.
Segundo um relatório do Bradesco BBI, o Banco do Brasil e o Itaú devem apresentar os melhores resultados do trimestre, com os analistas observando que os bancos estão preparando as bases para uma recuperação dos lucros.
Outros papéis que ficaram entre as maiores altas são os da Vale (VALE3 4,62%), do Bradespar (BRAP4 5,56%), acionista da Vale, e de siderúrgicas como a Usiminas (USIM5 7,01%), que também subiram na expectativa de balanços e com o preço do minério de ferro se mantendo em patamar elevado.
No cenário externo, as Bolsas norte-americanas avançaram, embora menos do que o Ibovespa, sustentada por ações de empresas de tecnologia e na expectativa de que republicanos apresentem o novo pacote de estímulos. O projeto republicano, estimado em cerca de US$ 1 trilhão, pode incluir outra rodada de pagamentos diretos de US$ 1.200,00 à parcela da população, US$ 100 bilhões em ajuda a escolas e universidades e dinheiro adicional para testes de coronavírus.
No fim do dia, o presidente norte-americano Donald Trump ainda fez um discurso otimista confirmando que a empresa Moderna iniciou hoje a fase 3 de teste de sua vacina, e afirmando que outras também têm apresentado bons resultados, o que deve fazer com que se chegue a uma vacina contra o coronavírus até o fim do ano. Para ele, a recuperação econômica deve ganhar força com a descoberta da vacina.
Na agenda de indicadores de amanhã, investidores ficarão atentos principalmente ao índice de confiança do consumidor norte-americano de julho e aos dados do Cadastro Geral e Empregados e Desempregados (Caged) de junho no Brasil. O mercado ainda deve acompanhar negociações sobre o pacote de estímulos nos Estados Unidos, assim como o noticiário em torno da pandemia e a temporada de balanços.
O dólar comercial fechou em queda de 0,86% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1610 para venda, refletindo a expectativa dos mercados globais com a aprovação de um pacote de estímulo econômico ao redor de US$ 1,0 trilhão nos Estados Unidos, esperada para esta semana. No fim dos negócios, as declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o avanço nas pesquisas de vacinas contra o novo coronavírus levaram a divisa estrangeira a renovar mínimas no nível de R$ 5,15.
“A tendência de baixa do dólar no mundo, diante da possibilidade da aprovação de um pacote de estímulos fiscais trilionário pelo Congresso norte-americano, levou o dólar a fechar em queda e registrar mínimas na faixa dos R$ 5,15”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.
O economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, destaca que o pacote de estímulos “protagonizou” a sessão. Ele destaca que o programa de auxílio suplementar aos desempregados aprovado em março – atualmente de US$ 600 por semana – “grande responsável” pela manutenção da renda do norte-americano durante o isolamento social, expira no fim da semana e a falta de aprovação de um novo “impulso” deverá trazer fortes consequências para a economia do país.
Perto do fim da sessão, Trump deu declarações sobre o desenvolvimento de vacinas contra a cocid-19, no qual destacou que a recuperação da economia dos Estados Unidos deve ganhar força com a descoberta do medicamento. A declaração foi feita no dia em que a Moderna anunciou que sua candidata a vacina para o novo coronavírus entrou na fase três dos ensaios clínicos.
Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque é o início da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Sem indicadores relevantes, a analista da Toro Investimentos, Paloma Brum, ressalta que o foco do mercado deverá continuar com a espera pela aprovação do pacote de estímulos nos Estados Unidos.
“Desde a semana passada, o euro vem ganhando força ante o dólar por causa da aprovação do pacote de recuperação econômica lá. Ou seja, os Estados Unidos estão um pouco atrasados na aprovação deste pacote. Mercado seguirá de olho nisso”, diz. Ela acrescenta que, apesar da trégua, as tensões entre norte-americanos e chineses também estão no radar do mercado.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano encerraram a primeira sessão da semana em alta, apoiados nos ganhos do setor tecnologia, enquanto os investidores esperavam o anúncio do pacote de estímulos dos legisladores republicanos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,43%, 26.584,77 pontos
Nasdaq Composto: +1,67%, 10.536,26 pontos
S&P 500: +0,73%, 3.239,41 pontos
