São Paulo – A produção industrial brasileira subiu pelo segundo mês consecutivo, em +8,9% em junho, intensificando a expansão observada em maio (+8,2%, dado revisado), mas ainda insuficiente para reverter as perdas de 26,6% acumuladas entre março e abril, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mensal ficou acima da previsão, de +7,80%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.
Já na comparação anual, a produção industrial brasileira recuou 9,0%, no oitavo resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto, sinalizando que a atividade está abaixo do que operava em 2019. A queda foi menor que a mediana das expectativas, de -10,0%, ainda conforme o Termômetro CMA. Com o resultado, a indústria nacional acumula perdas de 10,9% no primeiro semestre deste ano e de -5,6% nos últimos 12 meses até junho, na queda mais elevada para o período desde dezembro de 2016 (-6,4%).
Segundo o IBGE, a alta de 8,9% foi a maior desde junho de 2018 (12,9%), quando o setor retomou a produção logo após a greve dos caminhoneiros.
Porém, mesmo com o desempenho positivo em junho deste ano, a indústria ainda está 27,7% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
O gerente da pesquisa, André Macedo, observa que, embora a produção industrial tenha crescido em uma magnitude importante, acumulando expansão de 17,9% entre maio e junho, a atividade ainda está longe de eliminar as perdas registradas após o início do isolamento social para combater a pandemia de covid-19. “O saldo negativo desses quatro meses é bastante relevante (-13,5%)”, afirma.
Ainda assim, a abertura do dado mensal mostra que em junho em relação a maio todas as quatro categorias econômicas e 24 das 26 atividades pesquisadas registraram alta. Entre elas, a que influência mais positiva foi, mais uma vez, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (+70,0%). Por outro lado, as indústrias de alimentos e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis foram os destaques negativos, com queda de 1,8%, cada.
Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a maio, bens de consumo duráveis saltaram 82,2% e bens de capital avançaram 13,1%. Já os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (+6,4%) e de bens intermediários (+4,9%) tiveram altas mais moderadas.
Já no confronto com igual mês do ano anterior, o setor industrial registrou resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas e em 21 dos 26 ramos pesquisados. O IBGE observa que apesar do efeito-calendário positivo, uma vez que junho de 2020 (21 dias) teve dois dias úteis a mais do que junho de 2019 (19 dias), o ritmo da produção industrial foi menos intenso, ainda influenciado pelos efeitos da pandemia.
Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-51,6%) exerceu a maior influência negativa. Na outra ponta, destaque para a alta em produtos alimentícios (+8,0%). Já entre as quatro grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (-35,1%) e bens de capital (-22,2%) assinalaram os recuos mais acentuados, mas os setores de bens de consumo semi e não-duráveis (-5,6%) e de bens intermediários (-5,9%) também mostraram taxas negativas.