Por Cynara Escobar
São Paulo – A Braskem estima gastos adicionais de R$ 3,3 bilhões para a implementação de potenciais novas medidas referentes ao evento geológico de Alagoas, que incluem um valor adicional de cerca de R$ 300 milhões apontado em um estudo preliminar que acaba de ser concluído. As provisões da companhia com os potenciais gastos para resolver o problema somam R$ 7,88 bilhões.
Em comunicado, a Braskem informou que este montante é adicional aos valores
anteriormente provisionados no balanço do segundo trimestre, de R$ 4,58 bilhões, sendo R$ 2,61 bilhões registrados no curto prazo e R$ 1,97 bilhões no longo prazo.
O valor adicional anunciado hoje é relativo aos impactos da inclusão de cerca de 800 imóveis adicionais preventivamente em um programa de compensação financeira e de apoio à realocação por conta de potenciais impactos do evento geológico na superfície da região.
Por conta desse impacto, a companhia iniciará tratativas para a celebração de um possível aditivo ao acordo firmado com as autoridades no dia 03 de janeiro, que implicará nestes gastos, apontados em estudos técnicos especializados e independentes de avaliação dos impactos do evento contratados pela companhia, realizados por de entidades reconhecidas internacionalmente.
Adicionalmente, os estudos trazem uma análise de cenários de áreas com potenciais impactos futuros na superfície no longo prazo, que incluem, entre outras áreas, todas aquelas identificadas pelo mapa de setorização de danos e linhas de ações prioritárias da Defesa Civil de Maceió, de junho. Tais estudos serão submetidos às autoridades competentes para definição de possíveis ações a serem adotadas em comum acordo.
A companhia afirmou que manterá o mercado informado sobre os desdobramentos relevantes relacionados ao evento de Alagoas e respectivos procedimentos e mudanças nos custos, inclusive em relação à ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal referente aos danos socioambientais e que continua em diálogos com as autoridades.
HISTÓRICO
Em 9 de julho, a companhia calculava gastar R$ 1,6 bilhão, sendo R$ 850 milhões referente a potenciais medidas de apoio aos moradores das novas áreas e R$ 750 milhões referente a gastos adicionais previstos com medidas para encerramento definitivo das atividades de extração de sal em Maceió, gestão da operação, realocação de imóveis incluídos via perícia técnica, dentre
outros.
Na ocasião, a companhia recebeu um ofício conjunto da Defensoria Pública do Estado de Alagoas, Ministério Público Federal, Ministério Público do Estado de Alagoas e Defensoria Pública da União informando a atualização do Mapa de Setorização de Danos e Linhas de Ações Prioritárias por parte da Defesa Civil de Maceió, que incluiu 1.918 imóveis para desocupação nos bairros Mutange, Bom Parto, Pinheiro e Bebedouro, em Maceió, Alagoas, por conta do evento geológico.
A Braskem também é alvo de uma ação coletiva (Class Action) proposta na Corte Federal do Distrito de New Jersey, nos Estados Unidos, movida por um representante de uma classe de investidores que alega supostas violações do U.S. Securities Exchange Act of 1934 e suas regras, em decorrência de omissões ou de divulgações feitas pela companhia no contexto do evento geológico de Alagoas e assuntos correlatos. A Companhia contratou escritório americano especializado para representá-la neste processo, que se encontra em estágio inicial.
Edição: Gustavo Nicoletta (g.nicoletta@cma.com.br)