São Paulo – O Ibovespa oscila entre leves perdas e ganhos mostrando cautela à espera das decisões de política monetária nos Estados Unidos, às 15h, e no Brasil, após o fechamento dos mercados. No exterior, os principais mercados acionários também operam sem uma direção definida e com variações modestas. Entre as ações, as da Vale recuam com a queda dos preços do minério de ferro e pressionam o índice.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,13%, aos 100.432,31 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 10,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2020 apresentava ligeiro avanço de 0,04%, aos 100.475 pontos.
“Não há grandes novidades até o momento, a grande expectativa do dia é pelas decisões de política monetária. Todo mundo já coloca no preço que os juros vão ser mantidos, o que os investidores querem saber é o que os bancos centrais vão falar sobre a recuperação das economias e quais podem ser as políticas daqui para frente”, disse o sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara.
Ele destaca que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já anunciou mudanças na sua estratégia recentemente, passando a trabalhar com uma meta de inflação média de 2% e não mais fixa, o que sinaliza que pode manter a taxa de juros inalterada por um bom tempo e sobre o que pode dar mais detalhes hoje. A decisão do Fed será anunciada às 15h e o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, dará coletiva de imprensa às 15h30.
Já no Brasil, é unanimidade entre analistas é que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá encerrar o ciclo de queda da taxa e serão aguardados comentários sobre a inflação, além de sinais de por quanto tempo a Selic pode ser mantida. A decisão será conhecida após o fechamento dos mercados.
Entre as ações, as da Vale (VALE3 -2,23%) estão entre as maiores perdas do Ibovespa devolvendo ganhos de ontem acompanhando os preços do minério de ferro, que caíram mais de 3% na Bolsa chinesa de Dalian após fortes altas ontem.
Ao lado da Vale também estão outros papéis ligados a commodities e que subiram bastante ontem, caso da Suzano (SUZB3 -3,29%), da Marfrig (MRFG3 -2,98%) e da CSN (CSNA3 -2,59%). Na contramão, as maiores altas são da CVC (CVCB3 3,54%), da BrMalls (BRML3 2,96%) e da Iguatemi (IGTA3 2,38%).
O dólar comercial tem queda firme frente ao real em dia de decisões dos bancos centrais daqui e dos Estados Unidos, com investidores atentos aos comunicados e mensagens das autoridades monetárias em relação aos próximos passos de política monetária. Em meio à espera pela decisão do Fed, a moeda estrangeira perde terreno para moedas pares e de países emergentes.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,85%, sendo negociado a R$ 5,2440 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2020 apresentava recuo de 0,62%, cotado a R$ 5,245.
O estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua, pondera que em relação ao Fed, é a primeira reunião seguindo os novos princípios de política monetária, anunciados no fim de agosto durante o evento de Jackson Hole pelo presidente da autoridade monetária, Jerome Powell.
“[Ele] confirmou que o Fed será mais complacente com eventuais retornos da inflação para não interromper precocemente processos de recuperação da economia. Por isso, as declarações de Powell hoje vão atrair ainda mais atenção do que de costume”, diz.
O Fed vai divulgar também as projeções para a economia do país no qual o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, aposta em um cenário um pouco mais otimista. “Mesmo deixando claro que a recuperação possa ser gradual e por um período extenso, tendo em vista que alguns distritos relatam desaceleração do crescimento dos empregos e aumento da volatilidade nas contratações”, acrescenta.
Aqui, às 18 horas, sai o comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) no qual o mercado espera pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) encerrando o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em julho do ano passado. Para Faganello, o comunicado do Banco Central deve ressaltar a visão futura sobre o juro e o cenário econômico do país.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) apagaram o viés de baixa visto logo na abertura do pregão e passaram a subir, pressionadas pelo tradicional leilão de títulos públicos, amanhã. O movimento relega o sinal negativo ainda exibido pelo dólar e ocorre antes do anúncio das decisões de juros dos bancos centrais dos Estados Unidos (Fed) e do Brasil (Copom), a partir da tarde.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,90%, de 2,87% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,25%, de 4,15% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,13%, de 6,03%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,12%, de 7,02%, na mesma comparação.