São Paulo — A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que a revisão de estratégia de política monetária da instituição deve ocorrer por completo até setembro do ano que vem. Segundo ela, o conselho está discutindo sobre a visão de inflação, mas prefere se abster de dizer qual direção tomará antes de completar a discussão.
“Tivemos que estener o período de revisão devido à pandemia e agora temos até setembro de 2021 para encerrá-la”, afirmou Lagarde em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu. “É provável que ela seja anunciada em junho, mas depois seguiremos realizando seminários sobre os principais pontos”.
Quando questionada se a meta de inflação do banco seria refeita com base na recente decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de torná-la uma média de 2%, Lagarde preferiu não se pronunciar. “Iremos dizer o que decidimos depois de feitas todas as análises, não durante”, disse ela. “Essa e outras tendência na questão inflacionária estão sendo discutidas entre nós”.
Lagarde também voltou a afirmar que o ponto principal do BCE é a flexibilização e que o Conselho está pronto para alterar qualquer um de seus programas de crédito caso seja necessário. “Estamos monitorando tudo atentamente e no caso de uma segunda onda, iremos aumentar tanto o valor como o período do programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês)”, afirmou.
Apesar dos temores sobre dívida pública, Lagarde afirmou que “o importante no fornecimento de crédito é verificar para que isso será utilizado”. “Nesse caso, o auxílio fiscal é absolutamente necessário para a recuperação econômica, não basta apenas acomodação na política monetária”, disse ela.
Por fim, Lagarde comentou que observa atentamente questões de câmbio monetário, já que o assunto interfere na estabilidade de preços, mas que uma intervenção direta no assunto não é de sua propriedade.
Ela também comentou sobre criptomoedas, afirmando que algumas delas não levantariam riscos. “Mas stablecoins podem representar um perigo”, disse ela ao se referir à categoria de moedas digitais ligadas a ativos. Sobre a Libra, do Facebook, Lagarde expressou sua preocupação de que a moeda tenha vantagem sobre as outras, com capacidade de alcaçar grande escala de forma muito rápida.