São Paulo – O mercado de trabalho dos Estados Unidos abriu 850 mil vagas em setembro, após a criação de 1,4 milhão de postos em agosto, e a taxa de desemprego caiu de 8,4% para 8,2%, segundo analistas consultados pela Agência CMA.
Os dados são uma mediana produzida a partir das projeções dos economistas, que oscilam entre a abertura de 650 mil a 1,0 milhão de vagas, enquanto as estimativas para a taxa de desemprego foram unânimes em 8,2%.
“O crescimento do payroll desacelerou nos últimos meses e esperamos que diminua ainda mais em setembro”, disseram analistas do Wells Fargo em relatório.
“Nosso ganho esperado de 820 mil teria sido notável antes da covid-19, mas agora é um sinal de desaceleração do ímpeto”, acrescentaram. “A economia permanece em queda de 11,5 milhões de empregos desde fevereiro”, completaram.
Segundo eles, as contratações temporárias para a realização do censo de 2020, que aumentaram em agosto em cerca de 240 mil, devem se tornar um obstáculo em setembro, com o número caindo em cerca de 40 mil entre as semanas de pesquisa de agosto e setembro.
Já as medidas de emprego em pequenas empresas estão estáveis ou caíram desde meados de agosto, dependendo dos ajustes para o feriado do Dia do Trabalho, acrescentaram.
Para o economista da Capital Economics, Andrew Hunter, “o emprego parece desacelerar gradualmente, mas permanece mais do que forte o suficiente para manter a taxa de desemprego em tendência de queda”.
Além disso, segundo ele, deve haver outro grande aumento na força de trabalho, na medida em que mais pessoas voltam a procurar emprego, o que deve significar que a taxa de desemprego caia para 8,2%.
“Dito isso, com o emprego ainda mais de 10 milhões abaixo do nível anterior à pandemia, uma recuperação total do mercado de trabalho ainda está muito longe”, acrescentou Hunter.
SINAIS MISTOS
Para o economista sênior da Mizuho, Colin Asher, os primeiros indicadores de emprego no país para setembro estão mistos. Ele prevê a criação de 900 mil novos postos de trabalho este mês.
“As pesquisas do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da Markit indicaram a expansão do payroll em um ritmo um pouco mais lento do que em agosto, enquanto os dados de pedidos de seguro-desemprego para a semana indicam uma melhoria contínua”, disse.
O número de novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos subiu em 4 mil solicitações na semana encerrada em 19 de setembro, totalizando 870 mil, após ter alcançado 866 mil na semana anterior.
Já o índice de criação de vagas no setor privado, medido pela Automatic Data Processing (ADP) e pela Macroeconomic Advisers, mostrou a abertura de 749 mil vagas de trabalho em setembro, excluindo o setor rural. Em agosto, o número de vagas criadas foi revisado para cima, de 428 mil para 481 mil.
“Os números do ADP têm sido um guia particularmente pobre para dos dados do Departamento do Trabalho”, disse Hunter, da Capital Economics, citando que os dados de agosto de 481 mil vagas ficaram bem aquém de 1,4 milhão do departamento.
Para ele, os detalhes do relatório ADP foram mistos, com uma desaceleração adicional no ritmo de recuperação nos setores de lazer e hotelaria e serviços profissionais e empresariais compensados por um ganho muito mais forte em vagas de manufatura e construção.
GANHOS POR HORA
Os ganhos por hora também serão observados pelo mercado. Segundo projeções feitas pela Agência CMA, o salário médio por hora deve avançar 0,2% em setembro em base mensal, e 4,8% em base anual.
Em agosto, o salário médio por hora no setor privado somou US$ 29,47, alta de 0,37% ante os US$ 29,36 registrados em julho e aumento de 4,65% em comparação aos US$ 28,16 de agosto de 2019.
O vice-presidente da Scotiabanks Economics, Derek Holt, prevê crescimento dos salários mantendo-se pouco alterado em cerca de 4,8% ao ano, “com o lembrete de que permanece artificialmente alto devido a perdas desproporcionais de empregos para trabalhadores com salários mais baixos”.