São Paulo – O Ibovespa segue em alta nesta manhã reagindo à paz selada entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que reiteraram o compromisso com o teto de gastos e reformas. No exterior, o cenário também segue mais tranquilo depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, teve alta do hospital ontem.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,23%, aos 96.310,72 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,0 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2020 apresentava avanço de 0,36%, aos 96.300 pontos.
Para o economista da Toro Investimentos, Daniel Herrera, o cenário mais benigno no mercado local ajuda na alta de hoje. “Maia e Guedes jantaram juntos ontem à noite e depois saíram com um discurso que passou panos quentes nos atritos dos últimos dias e defendendo o teto de gastos. Ontem, o senador Márcio Bittar, que é relator da PEC do pacto federativo, também voltou atrás e disse que o programa Renda Cidadã deve sair respeitando o teto”, disse a clientes.
O economista também destaca que a alta de Trump do hospital ontem ajudou a diminuir a aversão ao risco dos últimos dias, mas lembra que houve informações contraditórias sobre sua saúde nos dias que ficou internado e investidores devem continuar monitorando sua recuperação da covid-19.
Ainda no exterior, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que o banco está pronto para injetar novos estímulos monetários, inclusive cortando a taxa de juros ainda mais abaixo de zero. Investidores também devem ficar atentos a falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que participa de evento às 11h40.
Entre as ações, as maiores altas do Ibovespa são da Braskem (BRKM4 7,45%) e da Embraer (EMBR3 7,32%), que tiveram suas recomendações elevadas pelo Morgan Stanley e pelo Bradesco BBI, respectivamente. O Morgan Stanley elevou os papéis da Braskem de “equalweight” (equivalente à manutenção) para “overweight” (equivalente à compra), vendo que o papel tem potencial de alta depois de quedas recentes e com a recuperação do setor. Já o Bradesco BBI elevou a Embraer de “underperform” (equivalente à venda) para “neutral” (equivalente à manutenção).
O dólar comercial ampliou a queda frente ao real e recua mais de 1%, abaixo de R$ 5,50, influenciado pelo ambiente mais positivo que prevalece no exterior e no cenário doméstico após o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, selarem a paz ontem durante um jantar após ruídos políticos na semana passada. Falas do governo sobre o cenário fiscal também animam investidores locais.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,28%, sendo negociado a R$ 5,5530 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2020 apresentava recuo de 0,41%, cotado a R$ 5,556.
Para o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, o encontro entre Guedes e Maia reflete o aceno para pacificação entre o legislativo e o executivo.
“Os mercados esperam que a agenda de reformas possa ganhar em velocidade, tal qual a viabilização para a implementação do programa Renda Cidadã seja conduzida respeitando o teto de gastos e monitora essas pautas domésticas em dia de agenda fraca”, destaca
“O encontro deixou no ar uma visão de que ambos [Guedes e Maia] irão buscar a retomada da agenda econômica no Congresso”, diz o analista da corretora Mirae Asset, Pedro Galdi. Em relação ao exterior, ele acrescenta que o mercado global segue em busca de recuperação, com a sinalização de melhora do estado de saúde do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diagnosticado com covid-19 na semana passada. Ontem à noite, Trump teve alta hospitalar dando indícios de que se recupera bem da doença.
Para Faganello, com o retorno do presidente norte-americano à Casa Branca, crescem as expectativas dos investidores por um acordo entre democratas e republicanos para aprovar um pacote de estímulo fiscal, bloqueado no Congresso norte-americano desde o início de setembro.
“A presidente democrata da Câmara dos Representantes [Nancy Pelosi] segue em negociações com o secretário do tesouro [norte-americano] Steven Mnuchin”, ressalta.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em queda firme, diante dos sinais reforçados da classe política em relação à austeridade fiscal e da trégua entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, abrindo caminho para o andamento da agenda de reformas. O recuo do dólar para abaixo de R$ 5,50 também favorece s retirada de prêmios.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,27%, de 3,23% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,71%, de 4,67% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,58%, de 6,51%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,47%, de 7,44%, na mesma comparação.