São Paulo – Após abrir em leve alta se ajustando aos ganhos de Bolsas no exterior ontem, o Ibovespa passou a operar em torno da estabilidade e tem dificuldades de definir uma direção diante do cenário externo mais cauteloso e da queda de ações de bancos. Os mercados acionários internacionais mostram viés de baixa hoje em função da pausa em testes da vacina Johnson & Johnson e de olho nas eleições presidenciais norte-americanas.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,30%, aos 97.778,70 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 11,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2020 apresentava avanço de 0,11%, aos 97.720 pontos.
“As Bolsas no exterior têm leve viés baixista, mostram uma realização de lucros depois de um desempenho muito positivo ontem. Os mercados globais foram impactados por expectativas ligadas a empresas de tecnologia e sobre resultados de bancos ontem”, disse o estrategista da Genial Investimentos, Filipe Villegas, em live.
Segundo Villegas, entre os fatores que puxam essa realização de Bolsas no exterior estão a pausa nos testes da vacina da Johnson & Johnson e a possibilidade de não ter avanço nas negociações de um pacote de ajuda fiscal nos Estados Unidos nesta semana, além de as eleições norte-americanas continuarem a fazer preço, com investidores digerindo maior vantagem do candidato democrata Joe Biden sobre o presidente Donald Trump nas últimas pesquisas.
Há pouco, o líder da maioria do Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, disse que a casa votará em um projeto de lei de alívio ao coronavírus no próximo dia 19.
Na cena doméstica, também faltam gatilhos para o índice, sem novidades sobre reformas ou sobre a situação fiscal. Investidores devem aguardar a temporada de balanços, a partir da semana que vem, para avaliar melhor os preços dos papéis.
Hoje, os papéis de bancos, que têm grande participação no Ibovespa, pesam negativamente, caso do Itaú Unibanco (ITUB4 -0,79%). Mas as maiores perdas do índice são das ações da Ultrapar (UGPA3 -3,02%), da Embraer (EMBR3 -2,98%) e da MRV (MRVE3 -2,79%).
O dólar comercial opera em alta de mais de 1% frente ao real, após renovar máximas sucessivas acima de R$ 5,62, acompanhando o movimento no exterior que segue negativo com investidores reagindo à notícia de que testes de uma vacina contra a covid-19 foram suspensos, elevando o temor do mercado com a recuperação da atividade econômica global e com a alta no números de casos confirmados da doença, levando países da Europa a reforçarem as medidas de isolamento social.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,94%, sendo negociado a R$ 5,5790 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2020 apresentava avanço de 0,79%, cotado a R$ 5,580.
Em meio à alta da moeda, o Banco Central (BC) realizou um leilão de vendas de dólares no mercado à vista com a oferta de um lote mínimo de US$ 1,0 bilhão, em operação realizada entre 11h52 e 11h57.
O consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, ressalta os receios do mercado com uma segunda onda de infecções por coronavírus na Europa em meio ao endurecimento das medidas de isolamento social como no Reino Unido, na Espanha e na Itália. A forte aversão ao risco vem também da suspensão de testes de uma vacina da Johnson & Johnson após um paciente apresentar problemas. “Causa desconforto [nos ativos]”, diz.
Ele acrescenta que as eleições dos Estados Unidos também estão no radar dos investidores, enquanto paralelamente, democratas e republicanos tentam chegar a um acordo a respeito de um pacote em apoio a economia norte-americana.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em queda, principalmente no trecho longo da curva a termo, repercutindo as medidas anunciadas pelo Banco Central e o Tesouro Nacional na última sexta-feira, de modo a reduzir a pressão sobre as condições de financiamento da dívida pública. O movimento de retirada de prêmios ocorre a despeito da alta acelerada do dólar.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,21%, de 3,23% no ajuste anterior, na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,59%, de 4,67% após o ajuste ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,43%, de 6,55%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,39%, de 7,53%, na mesma comparação.