Bolsa cai e dólar sobe com balanços e cenário externo cauteloso

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São Paulo – O Ibovespa encerrou em queda pelo terceiro pregão consecutivo, com baixa de 1,39%, aos 99.605,54 pontos, puxado principalmente pelas ações de bancos, com investidores embolsando lucros após a divulgação do balanço do Santander, que veio positivo como já antecipado pelo mercado.

Como pano de fundo, o cenário externo também segue trazendo cautela, com as Bolsas norte-americanas fechando na sua maioria em queda em meio à ausência de um acordo para aprovar um pacote de estímulos econômicos e ao avanço de casos de coronavírus. O volume total negociado foi de R$ 26,3 bilhões.

“O resultado do Santander veio forte, mas está acontecendo um pouco da máxima ‘sobe no boato e cai no fato’. A temporada de balanços está sendo um dos principais gatilhos para os movimentos da Bolsa”, disse o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter.

Os papéis do Santander (SANB11 -4,72%) ficaram entre as maiores quedas do Ibovespa depois de mostrarem um rali de alta nos últimos dias. Investidores já esperavam que o setor bancário apresentasse uma melhora com redução de provisões para devedores neste trimestre.

Ao lado do Santander, entre as maiores quedas, ficaram os papéis da B3 (B3SA3 – 4,05%), e da Embraer (EMBR3 -6,25%). O dia também foi negativo para as ações da Petrobras (PETR4 -1,87%), que divulga seu balanço amanhã após o fechamento do mercado. A subsidiária da Cosan, a Compass, apresentou proposta para a compra da fatia de 51% da Gaspetro que pertence à Petrobras.

Por outro lado, as ações da Localiza (RENT3 2,67%), da Cosan (CSAN3 2,81%) e da Gerdau (GGBR4 2,42%) ficaram entre as maiores altas do índice. A Localiza também divulga seu balanço amanhã.

No exterior, o dia foi negativo para as principais Bolsas, já que as esperanças de estímulos econômicos nos Estados Unidos estão se esvaindo conforme as eleições presidenciais do dia 3 de novembro se aproximam. Além disso, os números crescentes de casos de covid-19 em vários países trazem receio sobre novas medidas de restrição e como a economia será impactada por uma segunda onda do vírus.

Na agenda de amanhã, o destaque será a decisão de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom) às 18h, com expectativa de que a taxa de juros seja mantida, mas possam ser dados mais detalhes sobre os próximos passos da autoridade monetária. Balanços de peso também serão divulgados, como os do Bradesco, Vale e Petrobras, entre outros.

Para Esteter, a temporada de balanços começou bem e vem atendendo às expectativas do mercado até o momento, mas pode não ser suficiente para tirar o índice do patamar em torno dos 100 mil pontos, diante das incertezas no exterior e também na agenda política doméstica.

O dólar comercial fechou em alta de 1,24% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6830 para venda, no maior valor de fechamento desde 20 de maio – R$ 5,6840 – reagindo ao ambiente de cautela em meio à contínua onda de contaminação de covid-19 na Europa e nos Estados Unidos. Além disso, o impasse em relação às tratativas de um novo pacote de estímulo fiscal norte-americano às vésperas da eleição presidencial no país eleva a busca por proteção.

“O desconforto dos investidores frente à alarmante situação da covid-19 pelo mundo, além dos impasses nas negociações sobre o pacote de estímulos fiscais no Congresso norte-americano, manteve os investidores avessos ao risco”, comenta o analista da de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

Ele acrescenta que, no mercado doméstico, o recrudescimento das incertezas fiscais em relação ao teto de gastos do governo, estimulou o investidor a fortalecer a busca pela moeda estrangeira, o que levou o real a operar descolado das demais divisas.

Amanhã, o destaque na agenda de indicadores fica para a decisão de política monetária do Banco Central (BC), no qual a aposta de manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 2,00% – pela segunda reunião seguida – é unânime. O analista da Toro Investimentos, Daniel Herrera, destaca que o mercado ficará atento ao comunicado em busca de sinais sobre os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom) a partir de 2021.

“A gente sabe que a taxa não deve subir agora. Porém, a atenção fica aos sinais sobre a condução monetária nas próximas reuniões. O mercado já começa a fazer leitura de altas no curto prazo”, reforça.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em alta, mantendo a trajetória vista praticamente desde a abertura do pregão, porém longe das máximas do dia, com os investidores à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), amanhã. As incertezas em relação a mudanças na comunicação do Banco Central e o tradicional leilão de títulos atrelados à inflação (NTN-B) pressionaram os negócios.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,44%, de 3,43% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,93%, de 4,88% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,67%, de 6,60%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,49%, de 7,43%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia mistos após passarem boa parte da sessão ensaiando uma recuperação das perdas do dia anterior, quando o aumento de casos de covid-19 ao redor do mundo e suas implicações para a economia global lançaram Wall Street às maiores perdas em semanas.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,80%, 27.463,19 pontos

Nasdaq Composto: +0,64%, 11.431,35 pontos

S&P 500: -0,30%, 3.390,68 pontos