Cisão da XP destravaria valor e impulsionaria ação do Itaú, dizem analistas

1012

São Paulo – Os papéis do Itaú Unibanco estão entre as maiores altas do Ibovespa hoje reagindo à notícia de que o banco pretende transformar seu investimento da XP em uma nova companhia e a avaliação de analistas é que a operação pode impulsionar ainda mais os papéis no curto prazo, além de destravar um valor significativo para o Itaú. Às 16h16 (horário de Brasília), as ações (ITUB4) tinham alta de 5,15%, a R$ 25,30.

O banco criaria uma nova empresa a partir dos 41,05% que possui na XP e ainda disse que pode vender a fatia de 5% restante que possui na corretora. O Itaú também divulgou o seu balanço do terceiro trimestre ontem à noite, que acabou ofuscado pela notícia da operação, mas foi considerado dentro do esperado pelo mercado e até levemente positivo por analistas.

Segundo Marcelo Telles e Otavio Tanganelli, do Credit Suisse, a transação que está sendo estudada seria uma vitória para o banco, “destravando um valor significativo”. Eles destacam que a nova companhia nasceria com mais de 500 mil investidores e com um “free float” (ações em circulação no mercado) potencial de R$ 29 bilhões. Por isso, reiteraram a recomendação de “outperform” (equivalente à compra) para os papéis em nota.

Já para a XP Inc, avaliam que a operação é negativa dado o potencial “overhang” (excesso de ações no mercado) de uma possível venda da fatia remanescente do Itaú e também da venda de ações da nova empresa.

Os analistas do BTG Pactual, por sua vez, Eduardo Rosman e Thomas Peredo, acreditam que a decisão pode ser “uma maneira de forçar os investidores a olharem para a avaliação do Itaú ex-XP” com bons olhos, indicando que o Itaú avalia que as suas ações estão muito subvalorizadas ou ainda que a XP está sobrevalorizada.

Segundo o BTG, o valor de mercado do Itaú é de R$ 230,2 bilhões, enquanto o da XP e de R$ 134,1 bilhões. Sem a XP, o Itaú valeria R$ 168,44 bilhões, menos do que o Bradesco, por exemplo, que tem valor de mercado de R$ 184,94 bilhões, mas ainda deve mostrar lucros líquidos superiores ao do Bradesco, o que faria seu papel ser atrativo dentro do setor.

“Dessa perspectiva, o Itaú, o banco mais premium do Brasil, estaria negociando com desconto para os pares”, disseram, em relatório. “Acreditamos que com este novo gatilho, somado ao novo CEO, mais momentum está sendo criado para as ações do Itaú”, completaram.

Na noite da última quinta-feira, o banco também anunciou o seu novo presidente, que será o Milton Maluhy, que é o atual CFO e possui 44 anos, já tendo passado por diversos cargos dentro do banco. Segundo os analistas, como o Itaú possui cláusula em seu Estatuto Social que limita a idade do CEO a 62 anos, o atual presidente Cândido Bracher teria que sair em breve.

“Em nossa opinião, ser jovem envia uma mensagem muito importante de continuidade de longo prazo, especialmente porque muitas decisões importantes tomadas hoje levarão tempo para produzir resultados. o sistema financeiro está
passando por uma transformação digital massiva”, acreditam.