São Paulo – A vitória do democrata Joe Biden nos Estados Unidos e notícias positivas sobre vacinas contra o coronavírus fizeram Bolsas mundiais dispararem e o Ibovespa encerrar em alta de 2,56%, aos 103.515,16 pontos. Trata-se da quinta alta consecutiva e do maior patamar de fechamento desde o dia 6 de agosto (104.125,64 pontos). O volume total negociado foi de R$ 51,6 bilhões, um volume considerado elevado por analistas.
Perto da abertura, o índice também chegou a máxima de 105.146,56 pontos, no maior nível intraday desde o dia 31 de julho (105.462,13 pontos).
“Era natural que o Ibovespa seguisse essa onda mundial, a vitória de Biden já vinha sendo precificada e os mercados só tem andando mesmo com notícias de vacinas. Os papéis que estão subindo mais são os que dependem mais de uma vacina e havia algumas semanas que não tínhamos novidades sobre isso”, disse o operador de renda variável da Commcor Corretora, Ari Santos.
A notícia de que a vacina da Pfizer e da Biontech funcionam melhor do que o esperado, com mais de 90% de eficácia, animou investidores, alimentando esperanças de possa começar a ser fabricada ainda este ano. Junta-se a isso o fato de a FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, aprovar a inclusão da vacina da Novavax entre as que serão analisadas de forma mais ágil pelo órgão.
Com o cenário mais claro agora que se sabe que Biden venceu as eleições e com poucas chances de contestação, embora o presidente Donald Trump ainda não tenha reconhecido a derrota, analistas também afirmam que investidores vão começar a se concentrar em outras questões.
Uma delas é qual será a configuração do Congresso, que deve manter o Senado republicano e a Câmara dos Deputados democrata, e a velocidade na qual poderá sair um pacote de estímulos econômicos. Para o operador, há esperanças de que alguma medida de ajuda seja anunciada ainda este ano, para depois ser articulado um pacote maior.
Entre as ações, se destacaram os papéis de setores que sofreram mais com as restrições impostas pela pandemia, como o de aviação, turismo e shoppings. As maiores altas do Ibovespa foram da Gol (GOLL4 19,94%), Azul (AZUL4 18,43%) e das Lojas Renner (LREN3 14,51%).
Os papéis da Petrobras (PETR3 9,67%; PETR4 9,71%) também ficaram entre os destaques de alta acompanhando a disparada dos preços do petróleo, que chegaram a subir mais de 10%.
Amanhã, investidores devem continuar atentos ao cenário político norte-americano além de acompanharem indicadores como dados de inflação na China. O operador da Commcor ainda lembra que os próximos dias também contarão com balanços importantes, como os de frigoríficos.
O dólar comercial fechou com ligeira queda de 0,03% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3860 para venda, em sessão de forte volatilidade e amplitude da moeda com investidores reagindo ao resultado da eleição dos Estados Unidos, com a vitória do democrata Joe Biden, às notícias sobre avanços em testes de vacinas. Mas a correção local e no exterior refletiu em forte oscilação na reta final dos negócios. Com isso, a moeda engatou o quarto pregão seguido de sinal negativo.
Diante do forte otimismo global com a eleição de Biden, as divisas de países emergentes abriram a sessão com ganhos expressivos ante o dólar, no qual o real acompanhou o movimento. Aqui, a moeda estrangeira chegou a operar nas mínimas de R$ 5,22, com 3% de queda.
“Influenciado pelo exterior após a vitória de Biden e com notícias dos avanços da vacina contra o covid-19 da Pfizer, aumentando ainda mais o apetite por risco dos investidores”, comenta o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.
O candidato à vacina contra o novo coronavírus das empresas Pfizer e BioNTech funcionou melhor do que o esperado, e provou ser mais de 90% eficaz em prevenir a covid-19 em participantes sem evidências de infecções anteriores pelo vírus.
À tarde, porém, a moeda inverteu o sinal e renovou máximas acima de R$ 5,42, em movimento de recomposição de posições defensivas após a moeda ter ficado “barata”, ressalta Esquelbek. O economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, destaca que, além de ficar barata, não há motivos para o dólar se manter na margem entre R$ 5,20 e R$ 5,30 diante dos problemas domésticos com o cenário fiscal fragilizado.
“Não há nenhuma notícia local que ajude a sustentar o dólar mais baixo”, diz. Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, Ortiz acrescenta que o mercado ainda deverá reagir ao resultado da eleição dos Estados Unidos e que o viés altista segue no radar, podendo se concretizar amanhã. “O real teve uma valorização [-6,11%] exagerada na semana passada. Está havendo correção”, avalia.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerram a sessão em queda, mantendo a trajetória observada desde a abertura, porém em um ritmo menos intenso, acompanhando a desaceleração do dólar, que anulou as perdas do dia e já é cotado acima de R$ 5,40. Ainda assim, o otimismo dos mercados globais após a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos sustentou a retirada de prêmios, mas as incertezas fiscais no Brasil inibiram parte do movimento.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,29%, de 3,35% no ajuste anterior, na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,81%, de 4,90% após o ajuste ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,42%, de 6,53%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,16%, de 7,27%, na mesma comparação.
O Dow Jones e o S&P 500 reduziram os fortes ganhos vistos no início do dia, mas terminaram a sessão em alta, impulsionados por notícias positivas sobre uma vacina contra a covid-19. Os dois índices do mercado de ações norte-americano, no entanto, deixaram para trás as gigantes de tecnologia, com o Nasdaq interrompendo uma sequência de cinco ganhos seguidos.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +2,95%, 29.157,97 pontos
Nasdaq Composto: -1,53%, 11.713,78 pontos
S&P 500: +1,16%, 3.550,50 pontos